Estudos do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, 32 pessoas tiram a própria vida todos os dias. Outras pesquisas mostram que, a cada suicídio, cinco ou seis pessoas sofrem danos e consequências emocionais e sociais, que podem causar sequelas para sempre. Na maioria das vezes, são familiares e amigos dos suicidas que são atingidos pela culpa, vergonha, tristeza e outras emoções bem complexas.
Devido ao tabu e preconceitos que ainda cercam o assunto, muitas dessas pessoas são discriminadas e perseguidas por amigos, vizinhos e colegas de trabalho ou escola, o que agrava traumas, inseguranças e a sensação de solidão.
Além das pessoas que conviveram com o drama do suicídio, os sobreviventes a tentativas de tirar a própria vida precisam de ajuda e suporte. Por isso, o trabalho do Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio Anônimo (Gassa), iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV) é de extrema importância.
Grupos de risco para o suicídio
Estima-se que, de cada vítima de suicídio, outras duas tentaram se matar, ou seja, são mais de 60 novos brasileiros nessa situação diariamente. São eles que formam o maior grupo de risco para o suicídio.
Ao mesmo tempo, pessoas com histórico na família também apresentam maior propensão a se matar. O Gassa consegue atender a esses dois importantes grupos simultaneamente: quem já tentou suicídio e os familiares.
São promovidas reuniões mensais, nas quais as pessoas desabafam e compartilham experiências e recebem suporte emocional. “Tecnicamente, chama-se de sobrevivente de suicídio as pessoas próximas, normalmente parentes dos suicidas, pois são pessoas que precisam de um forte apoio”, diz a voluntária do CVV, Adriana Rizzo, que é engenheira agrônoma.
Adriana explica que essa população, estimada em cerca de seis pessoas a cada suicida, é altamente vulnerável e, muitas vezes, recebe pouca atenção. O grupo também reúne pessoas que tentaram se matar e buscam ajuda para não optarem pelo mesmo caminho novamente.
“É importante reforçar que, no mínimo, em nove de dez casos de pessoas que se mataram, era possível a prevenção. Não se toma a decisão de tirar a própria vida da noite para o dia, mas se trata de um processo normalmente longo e doloroso”, diz.
Sinais do suicídio
A voluntária alerta para alguns sinais de um possível suicida. A pessoa que pensa em suicídio, comenta Adriana, pode falar ou não sobre sua vontade de não viver mais, mas acaba de alguma forma, mudando seus hábitos.
“Evita os amigos, prefere estar sozinho, diz que prefere estar morto ou longe, pode usar drogas ou álcool, perde rendimento escolar ou no trabalho. As pessoas próximas notam pequenas mudanças que se acumulam com o tempo”, exemplifica.
Estar descontente com a vida e não ver saída ou soluções para a situação difícil que tem vivido por longos períodos pode levar a pessoa a pensar a morrer, de acordo com Adriana. Talvez o principal motivo seja a sensação de solidão aliada a mais alguma coisa.
Ela ressalta que essa sensação pode ocorrer em qualquer pessoa, mesmo naquelas rodeadas de amigos, com família e consideradas bem sucedidas. Trata-se de um motivo subjetivo, pois sensação de solidão não é tão fácil de se identificar nos outros, mas existem as motivações mais concretas.
“Podemos afirmar que, quando ocorre a tentativa de suicídio, houve sempre mais de um motivo envolvido e, muitas vezes, aquele que parece o principal motivo é, simplesmente, o estopim da decisão, é a gota d’água”, conclui.
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