Pesquisadores americanos detectaram os traços genéticos de vários tipos de câncer da garganta e pescoço através de exames de sangue e saliva, de acordo com um estudo que pode abrir caminho para novas técnicas de rastreio desses tumores.
“Nós desenvolvemos a capacidade de detectar e medir o DNA desses cânceres no sangue e saliva,” diz o Dr. Nishant Agrawal, oncologista e professor de cirurgia de cabeça e pescoço na Escola Johns Hopkins de Medicina, em Maryland, nos Estados Unidos. Ele é o principal autor do trabalho publicado nesta semana na revista Science Translational Medicine.
Os exames de sangue e saliva poderão substituir as invasivas biópsias para o diagnóstico do câncer. Foto: Shutterstock
Análises de exames de sangue
De acordo com o Dr. Nishant Agrawal, “os nossos testes indicam que a análise genética de saliva é a melhor maneira de identificar o câncer da cavidade oral (língua, gengivas, lábios), enquanto que o DNA do tumor no sangue parece ser mais eficaz para o rastreio desse tipo de doença localizada na região da garganta como a laringe, hipofaringe e orofaringe.”
O médico conclui que a combinação de análise genética do sangue e da saliva poderia ser, portanto, a melhor abordagem para detectar todos os cânceres de cabeça e pescoço.
Identificação dos tumores
Para esse estudo, 140 pacientes recém-diagnosticados com a doença doaram amostras de sangue e saliva. No caso de tumores resultantes da infecção pelo vírus do papiloma (HPV), o Dr. Agrawal e a sua equipe mapearam nos exames de sangue e saliva o DNA das bactérias frequentemente transmitidas por contato sexual. Para os tumores que não resultam desses vírus, os cientistas investigaram as mutações genéticas.
Todos os 46 tumores na cavidade oral foram corretamente identificadas por análise genética de saliva. Além disso, 16 dos 34 tumores da orofaringe foram estudados, os da laringe 7 (70% deles) e 2 3 da hipofaringe. A pesquisa do DNA no sangue permitiu detectar 91% dos tumores da orofaringe, 86% da laringe e hipofaringe em 100%.
Alguns tipos de câncer poderão ser diagnosticados através da amostra de saliva. Foto: Shutterstock
Os pesquisadores admitem que estudos do DNA através dessa técnica precisam ainda ser realizados em grupos maiores de pacientes e indivíduos saudáveis antes da confirmação da sua eficácia.
Biópsia líquida
Em 2013, os cientistas do centro de pesquisa francês para o tratamento e a cura do câncer “Institut Curie” realizaram com sucesso um estudo sobre a “biópsia líquida“, ou seja, a detecção de indícios de tumor através de exames de sangue e saliva.
O teste, nominado “Shiva”, foi realizado com uma pequena amostra de pacientes com vários tipos de câncer, revelou que era possível detectar anormalidades moleculares do DNA. Segundo o professor Jean-Yves Pierga, do “Institut Curie”, esse estudo foi o primeiro a mostrar a viabilidade de procura as anormalidades moleculares.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, mais de 12 milhões de pessoas no mundo são diagnosticadas todo ano com câncer. Cerca de 8 milhões morrem.
O Instituto Nacional do Câncer, Inca, informa que no Brasil a previsão é de 580 mil novos casos da doença ainda neste ano. A estimativa é de que haverá 26 milhões de casos novos e 17 milhões de mortes por ano no mundo em 2030, sendo que 2/3 das vítimas vivem nos países em desenvolvimento.
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