A relação entre a endometriose e infertilidade precisa ser debatida mais abertamente para que se possa encaminhar a um tratamento adequado
Cólicas menstruais de intensidade cada vez maior ao longo dos anos, tornando-se cada vez mais frequentes, podendo evoluir para dores fora do período menstrual e durante a relação sexual, e/ou infertilidade, são motivos suficientes para se investigar a presença da endometriose.
A doença pode acometer com até 10% das mulheres com idade entre 15 e 45 anos, o que significa dizer que, de acordo com o censo de 2010, aproximadamente 5 milhões de mulheres brasileiras sofrem com a endometriose. Em todo o mundo, calcula-se que ela prejudique a vida de mais de 170 milhões de meninas e mulheres.
O tratamento da dor relacionada à endometriose deve ser individualizado; costuma ser feito pela administração de combinações hormonais, anti-inflamatórios, analgésicos e abordagem cirúrgica, isoladamente ou combinados. Naturalmente, como toda doença com grande impacto negativo sobre a qualidade de vida, em boa parte das vezes, deve ser abordada sob uma óptica multidisciplinar, com a devida importância ao acompanhamento psicológico das portadoras. Mas é importante destacar algo que pouco se discute: a relação entre endometriose e infertilidade.
Qual a relação entre endometriose e infertilidade?
Infelizmente, a infertilidade é muito comum entre as mulheres com endometriose e espera-se que aproximadamente 60% delas apresentem alguma dificuldade para engravidar. Como a dor não é um sintoma obrigatório, a inversão da afirmativa também é pertinente: metade das mulheres com dificuldades para engravidar poderão receber um dia o diagnóstico de endometriose.
O grande problema da infertilidade associada à endometriose está exatamente na falta de se ter estabelecido um único mecanismo de ação da doença sobre o processo reprodutivo. É provável que ela exerça influências negativas sobre todas as etapas do processo (ovulação, fertilização, formação do embrião e sua implantação no útero), bem como sobre a saúde dos óvulos e espermatozoides.
Tratamento
O tratamento da infertilidade associada à endometriose, ao contrário do que se espera para a dor, ainda carece dos resultados que gostaríamos de oferecer. Embora se possa esperar alguma recuperação do potencial reprodutivo com tratamentos medicamentosos e/ou cirúrgicos, as técnicas de reprodução assistida estarão indicadas para uma parcela considerável das portadoras da doença, principalmente nos graus mais avançados e na endometriose profunda infiltrativa.
É por esses motivos que, no próximo dia 13 de março, milhões de mulheres em mais de 50 países deverão ir às ruas em prol da conscientização da sociedade e governos, com o objetivo de fomentar a discussão de estratégias assistenciais para as portadoras de endometriose, que é considerada “uma doença social”. É “hora de por fim ao silêncio”, diz o lema da Endometriosis Worldwide March, ou simplesmente Endomarch, idealizada pelo médico americano Camran Nezhat e sua equipe.
De acordo com a página oficial da marcha no Brasil, mulheres de pelo menos seis estados (Distrito Federal, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul) irão às ruas. Acompanharemos, vestindo amarelo, a marcha aqui na capital.
Saiba mais:
Relato de mãe: endometriose não me impediu de ter um bebê
7 perguntas e respostas sobre a infertilidade
Infertilidade conjugal: um problema mais que atual
Infertilidade masculina: mitos e verdades
6 tratamentos contra a infertilidade mais utilizados