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Apego: entenda o desenvolvimento sócio afetivo e da personalidade

Por Bruno Cuiabano 19/06/2014

O apego tem por definição a afeição de uma pessoa por outra, por um animal ou por um objeto. Podemos aprofundar o conceito e seguirmos o caminho de uma classificação feita pelos psicólogos ligados ao desenvolvimento humano como Bolby, Ainsworth, etc. Apego é conceituado como um vínculo do individuo, desde o inicio de sua vida, a pessoas próximas que lhe proporcionam segurança para explorar o mundo a sua volta. De acordo com esses autores, o vínculo emocional com o adulto, normalmente sua mãe ou seu pai, será a base de seu entendimento sobre seus vínculos posteriores. Todos esses aspectos são muito importantes para o desenvolvimento de recursos sociais imprescindíveis para sua sobrevivência.

 

afeto

Foto: Shutterstock

 

Entendendo o apego

 

Através de pesquisas relacionadas a como o apego se da no individuo, surgiram quatro padrões mais frequentes:

– O apego seguro, caracterizado por uma exploração ativa da criança em presença da figura do adulto e ansiedade nos episódios de separação, busca contato com a mãe no seu reencontro.

– O apego ansioso-ambivalente é caracterizado por uma conduta de exploração mínima ou na presença da mãe, muita ansiedade na separação, comportamentos ambivalentes no reencontro.

– O apego ansioso-evitativo, caracterizado por uma escassa ou nula ansiedade diante da separação, pela ausência de uma clara preferência pela mãe frente aos estranhos e pela evitação dela no reencontro.

– O apego ansioso-desorganizado é caracterizado pelo desvio do olhar da criança pela figura de apego, se demonstram desorientadas, evitam reencontro e não buscam proximidade da pessoa, evitam interação.

Até os dois anos de idade as crianças apresentam um considerável desenvolvimento de suas características emocionais. Os fatores temperamentais e de socialização no contexto familiar são de grande importância na interação afetiva do individuo com seus próximos (amigos, família, etc.). Fator que influenciará nas suas maneiras de reagir diante de situações aversivas que provocariam medo, situações novas que necessitam mudança, diante do sucesso ou do fracasso.

Todo individuo, com o desenvolvimento da cognição, da linguagem e das normas vai moldando, na sua personalidade, traços que, ora são próprios, ora são compartilhados. Uma pessoa é como é por ter características agressivas ou pacatas, carinhosas ou rudes, etc. Todas essas características tem uma dimensão subjetiva que dá a elas uma identidade, forma e intensidades diferentes.

Uma preposição que nos leva a crer na construção da personalidade é a de que ela é construída pelo ambiente, ou seja, pela sociedade através de vivências e experiências próprias. Por outro lado, acredita-se numa dimensão genética formadora de traços psicológicos. Isso nos leva a algumas questões: a cognição vem primeiro, determinando os traços ou a personalidade vem primeiro? O modo de encarar a realidade vai construir a constituição cognitiva da pessoa ou as duas dimensões são determinadas pelos nossos genes? A linguagem tem fator intrínseco no desenvolvimento da personalidade?

 

Encontrando as respostas sobre o apego

 

De acordo com Piaget, a criança só desenvolve uma representação simbólica aos dois anos, mas percebemos que ela já esta formando seus traços afetivos. Sabemos que a personalidade tem relação próxima com normas e regras impostas pelo social. A criança vai internalizando as normas com o tempo e com a consciência de suas próprias emoções e traços. Em muitas ocasiões esse processo pode se tornar complexo e conflituoso. Cada um a seu modo e com maior ou menor grau de aceitação entra em acordo com certos preceitos morais buscando uma ética da convivência social, com seus princípios e regras.

Não ceder às leis pode ser uma contravenção ou quebra de tabus enraizados pela cultura. Em várias ocasiões é necessário quebrar certos pensamentos congelados no tempo e apresentar outros melhores, em outras, a contravenção da lei pode se tornar um crime leve ou grave.

Vale destacar importantes diferenças na adoção de papeis de gênero. A criança desde muito cedo incorpora idéias de como deve ser um menino e uma menina agindo de maneira estereotipada. Atribuindo certa estabilidade a essa identificação, elas querem organizar essa identidade, tomando consciência dos papéis sociais. No desenvolvimento humano, essa adoção de papéis se mostra mais forte devido a padrões de socialização e educação.

É de essencial importância a compreensão da gênese e do desenvolvimento dos repertórios afetivos e da personalidade do sujeito. O profissional da área de saúde necessita desses conhecimentos.

 

Referências Bibliográficas

Coll, César., Marchesi, Álvaro., Palacios, Jesús., Desenvolvimento Psicológico e Educação – Psicologia Evolutiva Vol. 1, 2º edição, Porto Alegre: Editora Artmed, 2004.
Papalia, D. E., Olds S. W., Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Editora Artmed, 2000.

 

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Fonte : http://www.brunocuiabano.com/

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