No dia oito de março é comemorado o Dia da Mulher, mas você sabe o por quê dessa data? Esse dia surge como forma de lembrar o massacre de 130 tecelãs norte-americanas, que morreram queimadas dentro da fábrica onde trabalhavam durante um protesto por melhores condições de trabalho, em 1857.
Fazendo parte do calendário oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1977, a data já é lembrada desde o início do século XX em países como Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia. Mais de 150 anos depois, as reivindicações daquela época são mais atuais do que nunca.
Neste oito de março, Dia da Mulher, a data deve ser mais reflexiva do que comemorativa.
Origem do Dia da Mulher
No século XIX, a jornada feminina de trabalho era de 16 horas. As mulheres ganhavam um terço do salário masculino e eram dispensadas ao menor indício de gravidez.
Leis trabalhistas eram utopia num tempo onde o que importava era apenas o lucro pelo lucro, independentemente da situação de trabalho dos empregados, que mais pareciam escravos.
Revoltadas, tecelãs de uma fábrica em Nova Iorque se uniram para pedir melhores condições de trabalho, salários igualitários e redução na jornada diária. Era oito de março de 1857, data que mais tarde viria a ser o Dia da Mulher.
Indignados, os patrões trancaram as mulheres dentro da fábrica e atearam fogo. Pelo menos 130 morreram queimadas. Coincidentemente, no mesmo dia, em 1908, outro incêndio numa fábrica têxtil em Nova Iorque vitimou mais uma centena de mulheres.
Na Rússia Czarista, manifestações por melhores condições de vida e trabalho feminino e também contra a entrada do país na Primeira Guerra Mundial marcaram o início da Revolução de 1917.
Antes disso, em 1859, após publicação das mortes das americanas nas gazetas de São Petersburgo e Moscou, surgia na Rússia um movimento de luta pelos direitos femininos. Já na antiga União Soviética, o Dia da Mulher tornou-se elemento de propaganda partidária.
Conquistas e os gargalos do Dia da Mulher
Durante muitos anos, as mulheres ocuparam papel de coadjuvante na sociedade. Era como se fossem apenas objetos para satisfação sexual dos homens, procriação e empregadas para manter a casa e as roupas limpas.
Junto com o início da comemoração, data lembrada desde o início da década de 1920 no lado Ocidental, a realidade tem mudado, mesmo que ainda perdurem injustiças e preconceitos.
Na América Latina, o Brasil foi o primeiro país a permitir o voto feminino em 1927. Porém, nem elegendo uma mulher presidente pelo segundo mandato consecutivo a ala feminina no Congresso é significativa em números. Elas somam apenas 9,9% dos deputados e senadores eleitos em 2014, dos 513 somente 51 são mulheres.
No ensino superior, elas, no entanto, são maioria. Dos 5,4 milhões de brasileiros que cursam faculdade, três milhões são mulheres. Desde 2004, elas já ocupam 51,5% dos doutorados no país.
Mais anos de estudo, entretanto, não garantem melhores salários. As mulheres ainda ganham menos do que os homens, mesmo exercendo a mesma função.
Outro gargalo digno de reflexão, não apenas no Dia da Mulher, é a violência contra o sexo feminino. Alguns dados chegam a ser assustadores. A Fundação Perseu Abram afirma que a cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil.
De acordo com o ranking mundial de violência doméstica da ONU, o nosso país figura em 7º lugar com 4,4 assassinatos a cada 100 mil mulheres. Nem mesmo a Lei Maria da Penha, que prevê proteção à mulher e maior punição ao homem agressor, mudou essa realidade.
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