É inconcebível aceitar a violência dentro do casamento na cultura ocidental, mas entre os muçulmanos ultraortodoxos isso é normal. Assim como temos conceitos em relação à pedofilia, masturbação e sexo oral, para outras culturas pode ser diferente. A relação entre sexo e religião varia no mundo todo e o que para uma crença é visto como pecado, para outra pode ser uma virtude.
Essas são algumas conclusões às quais chegou o estudioso norueguês Dag Øistein Endsjø em seu livro Sexo e Religião – Do baile de virgens ao sexo sagrado homossexual (Editora Geração Editorial). O autor é professor de estudos religiosos da Universidade de Bergen, na Noruega.
Sexo e religião entre as principais crenças
Fascinado pela história da humanidade, ele apresenta um estudo intenso, e extenso, provocante sobre a variedade dos conceitos entre sexo e religião. O ponto de partida do autor são as grande religiões como o Cristianismo, o Judaísmo, o Hinduísmo, o Islamismo e o Budismo.
A pesquisa de Dag Øistein Endsjø também envereda pelas seitas modernas e religiões já extintas, desvendando a moral sexual presente em cada uma dessas visões. Com base nos textos religiosos e registros históricos, o norueguês trata de temas polêmicos como a homossexualidade, o estupro, o incesto, a prostituição, a masturbação e a pedofilia.
São muitos os exemplos apresentados pelo norueguês e a leitura é capaz de desconstruir o que muitas pessoas possam pensar sobre sexo e religião.
A dualidade entre sexo e religião
Apresentando a dualidade entre o sagrado e o profano, o autor detalha, ainda, as origens das religiões abordadas, bem como seus preconceitos e o discurso dessa luta entre “o que pode e o que não pode”, que determina o louvável e o condenável no que diz respeito ao sexo, determinando o que seria o tipo de sexo certo e único com dignidade perante Deus.
Segundo o autor, há algumas religiões, inclusive, que não têm acordo nem mesmo internamente, variando de acordo com a região geográfica ou outras influências. Por exemplo, na maioria dos países do Oriente, o celibato dos padres católicos jamais evoluiu.
O conceito do ato sexual varia muito. Se for apenas com penetração vaginal, os devotos podem fazê-lo. O sexo oral está liberado sem macular a pureza, porque para muitos não é considerado sexo, uma vez que não há penetração nem fins de reprodução.
As relações homoafetivas seguem sendo motivo de controvérsia entre várias religiões. Elas já foram vistas como sagradas por budistas na China e no Japão. Há registros, inclusive, de mosteiros que chegaram a abrigar homossexuais, o que hoje já não acontece, segundo o escritor, por conta da influência do modelo ocidental.
O papel do homem e da mulher no que se refere a sexo e religião também é uma abordagem do livro. Afirma-se que a pesquisa de Dag Øistein Endsjø é vasta e esclarecedora, além de imparcial, marcada pelo impacto da clareza.
Outros estudiosos apontam que apesar de não haver uma só definição, mas de maneira geral, para as religiões, todo o ato sexual que não esteja relacionado à reprodução não é aconselhável.
No que diz respeito à Igreja Católica, por exemplo, acredita-se que o sexo tanto hétero quanto homossexual não é visto de forma positiva, tamanha é a culpa de quem o pratica sem a finalidade de reproduzir.
A tradição cristã tem tido uma posição extremamente negativa sobre o sexo, principalmente por causa de heresias da igreja primitiva, que seguem as primeiras interpretações das escrituras no que se refere ao sexo.
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