Clínica Geral

Inibidores de apetite: fique atento ao uso e à procedência

Por Redação Doutíssima 03/09/2015

A perigosa promessa de emagrecimento fácil tem levado muitas pessoas a burlarem a lei e buscarem fora do País inibidores de apetite proibidos no Brasil, especialmente de três tipos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe, desde 2011, a venda de anfepramona, femproporex e mazindol.

 

Inibidores de apetite oportunistas

Com a proibição, há quem tenha “descoberto” alternativas, além da compra fora do Brasil: a venda clandestina desses medicamentos. No entanto, isso pode ser ainda mais perigoso do que se imagina, com prejuízos graves à saúde.

inibidores de apetite

O uso de remédios para ajudar na perda de peso deve ter indicação e acompanhamento médico. Foto: iStock

Médicos especialistas alertam para o perigo do uso indiscriminado, sem receita e supervisão. As vendas desses inibidores de apetite ocorrem, inclusive, por meio de redes sociais.

 

Outra questão bastante grave apontada pelos médicos é a utilização de um medicamento liberado pela Anvisa para fins pediátricos no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade(TDAH), mas que por conter a substância lisdexanfetamina, também tem sido usado para inibir o apetite.

O princípio ativo do remédio é da família das Anfetaminas e dentre os efeitos colaterais apresentados estão: dor de cabeça, insônia e perda de apetite.

De acordo com o endocrinologista e nutrólogo da Unifesp, João César Castro Soares, a bula desse medicamento é bastante parecida com as dos inibidores de apetite que foram proibidos pela Anvisa. A afirmação se justifica, pois a fórmula molecular desse remédio é a mesma classe química das anfetaminas:

– Anfepramona – C13 H19 N0

– Femproporex – C12 H16 N2

– Mazindol – C16 H13 N20

– Lisdexanfetamina – C15 H25 N30 (remédio de uso pediátrico liberado pela Anvisa)

Segundo Soares, todo medicamento, eventualmente, pode gerar efeitos colaterais. Justamente por isso, é sempre necessário o acompanhamento médico. Ele afirma que ainda há muito preconceito relacionado à questão e, por isso, muitas pessoas não veem a obesidade como doença.

“É um problema de saúde, uma doença crônica que atinge mais de 20% da população. No entanto, somente há poucas décadas começou-se a encarar a obesidade como doença, mas grande parte da população ainda encara isso como uma questão estética”, diz o endocrinologista.

Inibidores de apetite como alternativa

A busca indiscriminada pelos inibidores pode se explicar pelo índice que aponta que quase metade da população brasileira tem sobrepeso. Nem todo mundo consegue perder peso por meio do tratamento convencional, baseado em dieta e exercícios físicos. Por isso, o uso de medicamentos só deve existir com acompanhamento médico.

A média de expectativa de vida da população em geral é acima dos 70 anos. No entanto, a de quem sofre com a obesidade cai para 60 anos. Ou seja, o obeso perde, pelo menos, dez anos de vida.

Soares acredita que suspender a venda desses medicamentos foi uma medida muito radical. “Além da reeducação alimentar e da prática de exercícios físicos, os inibidores de apetite atuam como auxiliares eficazes no tratamento contra a obesidade”, diz.

O que é fundamental, de acordo com Soares, é a fiscalização do mercado, que comercializa esses inibidores de apetite sem garantia de qualidade e sem a supervisão médica. “Restringir o medicamento para todos não é a solução. Só vai tornar um pouco mais difícil o nosso trabalho”, justifica.

 

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