O aumento significativo de casos de microcefalia em Pernambuco levou o Ministério da Saúde a decretar estado de emergência em saúde pública na quarta-feira (11). Trata-se de uma malformação congênita que afeta recém-nascidos que têm o perímetro da cabeça menor do que o normal. As causas do surto estão sendo investigadas.
Os índices são alarmantes. Em 2015, foram notificados 141 casos da anomalia em 44 cidades de Pernambuco até o último dia 9 – número drástico em relação aos anos anteriores, que registraram, em média, dez casos. O Ministério da Saúde acompanha o quadro desde 22 de outubro, após ter sido notificado sobre a situação pela Secretaria de Estado da Saúde.
País em estado de emergência
A declaração de estado de emergência em saúde pública torna a questão da microcefalia uma prioridade no País. Esse mecanismo, que está previsto em lei, serve para que as investigações sejam feitas com maior urgência.
De acordo com o Ministério da Saúde, estão em andamento investigações epidemiológicas, incluindo exames laboratoriais e de imagem, revisão de prontuários e outros registros de atendimento médico de gestantes e recém-nascidos e entrevistas com mães.
O órgão recebeu também relatos da anomalia nos Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte e está apurando os casos da doença e monitorando as suspeitas.
Embora a causa do aumento drástico dos casos de microcefalia em Pernambuco ainda não tenha sido identificada, o diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, disse que nenhuma hipótese é descartada.
Uma das possibilidades avaliadas é de que os casos de microcefalia estejam relacionados a infecções pelo zika vírus, transmitido pelo mosquito da dengue Aedes aegypti. Esse vírus chegou ao Brasil esse ano e afetou principalmente o Nordeste.
A hipótese se dá pelo fato de que uma parcela das mulheres que tiveram filhos com microcefalia apresentou sintomas do zika. Houve casos de erupções na pele ao longo da gestação, de acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco.
Apesar disso, não há confirmação de o vírus ser o motivo do surto. Há diferentes possibilidades, já que a microcefalia pode ser provocada por substâncias químicas e agentes biológicos, entre eles vírus, bactérias e radiação. Outras causas podem estar relacionadas à genética ou ao uso de álcool, drogas ou produtos tóxicos pela gestante.
A recomendação do Ministério da Saúde é que as gestantes não utilizem medicamentos sem prescrição e que realizem um pré-natal qualificado, além de todos os exames necessários na gravidez. Caso seja percebida alguma alteração na gestação, é fundamental relatar aos profissionais de saúde.
O quadro de emergência foi comunicado para a Organização Mundial de Saúde e a Organização Pan-americana de Saúde. O Ministério da Saúde também ativou o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES), em Brasília, na terça-feira (10).
Saiba o que é microcefalia
A microcefalia é uma malformação congênita, que faz com que o cérebro se desenvolva de forma inadequada. A anomalia é caracterizada pelo perímetro cefálico menor do que o normal, geralmente superior a 33 cm.
A gravidade das sequelas varia conforme o caso, entretanto, os bebês podem apresentar desenvolvimento cognitivo debilitado. Aproximadamente 90% das microcefalias estão associadas ao retardo mental.
Tratamentos desde os primeiros anos de vida aprimoram a qualidade de vida e o desenvolvimento da criança. Dependendo da situação, o problema pode ser corrigido por meio de cirurgia. Em casos mais graves, pode levar à morte.
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