Brincadeira que já ganhou espaço nas escolas e agora passa a ser exibida no YouTube e redes sociais, o desmaio forçado não é um jogo inocente, como pensam os adolescentes. A aposta, que consiste em interromper temporariamente a respiração pressionando o peito ou o pescoço, é capaz de provocar graves problemas.
No entendimento de quem pratica essa perigosa brincadeira, ela proporciona sensação de bem estar. Mas se o que os jovens buscam é um estado alterado de consciência, eles devem ter em mente que há mais consequências.
Possíveis riscos do desmaio forçado
O desmaio forçado pode resultar em hematomas e traumatismo craniano por conta da queda, crise convulsiva, ataque epilético e coma, em situações onde há falta de oxigenação prolongada no cérebro. Nos casos em que há pré-disposição, pode levar também à parada cardíaca.
Também há a possibilidade de lesões cerebrais irreparáveis, com paralisia motora e perda de habilidades neurológicas, além de prováveis problemas de memória e de atenção, sobretudo quando é praticado de forma repetida. A morte é mais um risco que não deve ser descartado.
Todas as implicações do desmaio forçado têm relação com o fato de o cérebro humano ser altamente dependente de glicose e oxigênio – logo, qualquer privação pode ser extremamente prejudicial. Não há estatísticas precisas no Brasil, mas a disseminação de vídeos na internet sugere que a brincadeira é realizada por muitos.
A sensação provocada pelo desmaio forçado é semelhante ao de algumas drogas, já que para muitos desencadeia euforia. Portanto, o jogo pode ser significamente viciante.
Papel dos pais é evitar o desmaio forçado
Por não haver campanhas de conscientização para o problema no Brasil, o papel de pais e professores é fundamental na análise do comportamento de crianças e, principalmente, adolescentes, especialmente quando eles estão reunidos em ambientes sem supervisão de adultos.
Na França, o número de vítimas fatais da brincadeira, que soma em média dez a cada ano, mobilizou pais e responsáveis a criarem uma associação voltada à temática, a Apeas (Association de Parents D’Enfants Accidentés par Strangulation ou Associação de Pais de Crianças Acidentadas por Estrangulamento).
A proposta do grupo é difundir o tópico para que seja alvo de discussões e para que medidas de prevenção sejam tomadas.
Nos Estados Unidos, de acordo com o último levantamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), mais de 80 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 16 anos morreram no país por causa da brincadeira entre os anos de 1995 e 2007.
Mesmo assim, o próprio CDC acredita que este número seja maior, pois os óbitos em geral são registrados como suicídio pelo fato de a brincadeira por vezes ser realizada enquanto estão sozinhos em casa.
Os perigos do desmaio forçado só ganharam visibilidade depois de o campeão mundial de surfe Shaun Tomson ter revelado a perda de seu filho em uma dessas brincadeiras, em 2006. Matthew, 15 anos, morreu em consequência do jogo do desmaio e sua morte se tornou um símbolo na luta à prevenção da perigosa prática.