No Japão, a onda de jovens que não saem de casa é chamada de hikikomori. A palavra pode ser traduzida como uma aversão social e atinge principalmente homens.
A distância do contato social pode acontecer até mesmo dentro da própria casa. Arredios, outra tradução para hikikomori, os jovens deixam de ir à escola, desligam-se dos amigos (quando os têm) e passam os dias assistindo televisão, jogando videogames, ouvindo músicas ou navegando na internet.
Em muitos casos, nem para comer eles saem do “casulo”. Apenas abrem a porta para pegar comida que alguém deixa ali. Há também a preferência por dormir durante o dia e fazer qualquer atividade durante a noite, enquanto os demais moradores da casa dormem.
O fenômeno hikikomori
O termo hikikomori foi criado por Tamaki Saito, psicólogo japonês especializado em puberdade e adolescência que é diretor de um hospital na província de Chiba. O especialista é reconhecido internacionalmente como estudioso do fenômeno de isolamento entre os jovens no seu país de origem.
Desde a identificação desse padrão de comportamento arredio entre os jovens orientais, o hikikomori tem sido questionado por psicólogos ao redor do mundo. É uma doença ou um sintoma? O padrão é percebido apenas no Japão?
Apesar do problema parecer severo, não é considerado como uma fobia de pessoas ou intervenção social. Os jovens eventualmente saem de seus quartos para o restante da casa ou até para uma ida ao mercado.
Segundo uma pesquisa da NHK, empresa pública de comunicação, radiodifusão e televisão do Japão, mais da metade dos estimados um milhão de hikikomoris são do sexo masculino.
Por que os jovens japoneses ficam reclusos?
Adolescentes trancam-se em seus quartos no mundo todo. Alguns por problemas sociais, outros por problemas psicológicos. Mas esses casos são diferentes da onda hikikomori por questões culturais particulares da sociedade japonesa.
A expectativa familiar e social pelo sucesso é extrema, fazendo uma pressão para que escola, faculdade, carreira, méritos e sucesso andem rapidamente um atrás do outro. A vergonha de não atingir nenhum dos objetivos estabelecidos pela família torna os jovens ansiosos e receosos em encarar qualquer proximidade com outras pessoas.
A cultura local também não permite que os pais obriguem os adolescentes a sair do quarto e seguir com suas vidas. Eles apenas cuidam dos filhos e provém o que precisam enquanto esperam essa fase passar.
Já Saito aponta, ainda, outra razão para o comportamento arredio: falta de maturidade ou dificuldade para amadurecer.
Um problema social
O governo e a economia japonesa sentem o impacto de milhares de jovens inteligentes e aptos para o trabalho estarem ausentes da sociedade. Com a “epidemia”, surgiram os planos de ação e tratamento.
Grupos de apoio para pais e familiares e conselhamento psicológico para todos os envolvidos são as maneiras encontradas para tentar amenizar o problema. Há ainda os centros para atenção dos hikikomori, que os reintroduz na sociedade e ainda oferece treinamentos profissionalizantes.