Moda

Mundo das modelos: fique por dentro da polêmica do book rosa

Por Redação Doutíssima 22/07/2015

Talvez o mundo da moda não seja cercado exclusivamente de glamour. Esse é um assunto recorrente entre os telespectadores, desde que a novela Verdades Secretas entrou no ar. O autor Walcyr Carrasco trouxe à tona uma polêmica em torno do book rosa, uma proposta que determinadas agências fariam às modelos para acompanharem clientes em programa.

 

Na trama, a agenciadora de modelos Fanny Richard (Marieta Severo) oferece a possibilidade de um serviço opcional às meninas que almejam um cachê extra: elas podem ser incluídas em um catálogo diferenciado, o book rosa, através do qual executivos escolhem acompanhantes para passar a noite. 

book rosa

Prostituição de modelos abordada em novela proporciona maior atenção dos pais. Foto: iStock, Getty Images

Walcyr Carrasco explica que realizou uma ampla pesquisa sobre o tema. “Quando fui escrever a novela, fiz uma espécie de reportagem para mim mesmo. Assim, pude conhecer os detalhes do book rosa e entender como funciona”, explica.

Book rosa: verdade ou ficção?

Mas até que ponto a novela retrata a realidade das modelos? De acordo com Cleber Machado, diretor da Joy Modelos no Rio Grande do Sul, essa proposta existe, sim, mas em uma realidade que é diferente da encenação apresentada na novela.

“Na trama, as informações são meio ‘enfeitadas’, em nome do entretenimento”, explica. Conforme o diretor, o book rosa é aceito por algumas meninas para ganhar dinheiro ou para pagar a faculdade, mas isso ocorre em feiras, eventos e recepções.

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Autor Walcyr Carrasco contou que fez amplo estudo sobre book rosa. Foto: Instagram, Reprodução

Segundo ele, o trabalho de uma agência de moda funciona de forma bem diferente na vida real. “Na novela, a própria agência promove desfiles e não realiza nenhum tipo de trabalho publicitário. A realidade é bem divergente”, garante.

Apesar de acreditar que a ficção distorce algumas informações sobre essa proposta, Cleber crê que há um lado positivo na abordagem do tema. “É interessante para que os pais fiquem atentos ao que as filhas podem estar fazendo”, sublinha.

Por outro lado, ele percebe uma consequência ruim. Afinal, a novela não mostra que as modelos pagam impostos e que há um sindicato para regularizar a profissão. E isso acaba distorcendo um pouco a verdade sobre o mundo da moda.

Modelo fala sobre o book rosa

Mas o que as próprias modelos pensam sobre a questão? Integrante da agência Oca Models (SP), a modelo Alina Klein, 21 anos, explica que a novela apimentou discussões sobre o tema. “Antes mesmo de Verdades Secretas, muitas pessoas já questionavam isso. Desde que começou a novela, aumentou a curiosidade”, comenta.

Na experiência pessoal da modelo, no entanto, o tema nunca foi muito presente. “Se tem modelos que fazem, eu não tive nenhum contato. Mas sei que deve existir. O que todas estão explicando é que a prostituição ocorre no mercado da moda, assim como em qualquer outro lugar”, esclarece.

Em seu trabalho, Alina realiza desfiles e fotografa campanhas. Por isso, no meio em que convive, acredita que essa proposta não é algo tão presente. “É preciso saber diferenciar, pois não é o tipo de coisa que acontece nos trabalhos mais ligados à área fashion da moda”, enfatiza.

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Modelos da novela Verdades Secretas fazem parte do chamado book rosa. Foto: Instagram, Reprodução

 

Novela Verdades Secretas

Mas, afinal, o que o autor de Verdades Secretas tinha em mente ao trazer à tona um tema tão polêmico? Ele mesmo explica. “Estou contando uma história sobre o mundo da moda e o book rosa faz parte dele. Não é em todas as agências e nem todas as modelos praticam, mas ele existe”, ressalta Walcyr.

Diante de tanta repercussão sobre o assunto, o autor da novela crê que seja bom ter colocado o tema nos holofotes. “É bom quando um assunto desses vem à tona e é debatido. Especialmente para as pessoas tomarem consciência de que nem tudo no mundo da moda é glamour”, destaca.