Realizado pela primeira vez no Brasil em 2012, o transplante de ovário é uma alternativa para algumas mulheres que enfrentam problemas de fertilidade. Esse tratamento é sugerido principalmente para jovens que passaram por quimioterapia ou outra situação que compromete o funcionamento do órgão.
O caso no Brasil ganhou notoriedade pela técnica desenvolvida pelo médico Carlos Gilberto Almodin. Na ocasião, uma mulher de 29 anos recebeu parte do tecido do ovário de sua irmã gêmea. A infertilidade causada por menopausa precoce ganhou chances de ser revertida.
Como funciona o transplante de ovário
Desenvolvida por Almodin em 1999, essa técnica de transplante de ovário ganhou a permissão do Ministério da Saúde para a realização em humanos em 2004. A demora entre a carta branca e a realização foi pela dificuldade de ter acesso a pacientes com o problema de menopausa precoce.
Em entrevista, a equipe médica afirmou que a pacientes com menopausa precoce podem ter uma vida normal com reposição hormonal, mas não recuperam a capacidade de gerar filhos. Apenas o transplante pode restaurar as funções hormonais e a fertilidade nesses casos.
A mesma técnica usada nas gêmeas no Brasil já foi aplicada em diversos países ao redor do mundo e ganhou prêmios mesmo antes da realização do procedimento no país de origem.
Congelamento de tecido
Outra possibilidade do transplante ovariano é o congelamento do tecido do órgão ainda saudável para um autotransplante após algum procedimento capaz de danificar suas funções. Esse tipo de procedimento é mais recomendado para mulheres com câncer que serão submetidas à quimioterapia.
A estratégia vai além do congelamento de óvulos para garantir as possibilidades de ter filhos após tratamentos invasivos. No caso do transplante de ovário, o tecido congelado é capaz de restaurar as funções do órgão que sofreu danos e continuar sua produção hormonal.
Essa é a única chance para meninas jovens que vão ser submetidas a tratamentos para o câncer. Óvulos que ainda não estão maduros não podem ser guardados, sendo necessário que o tecido do ovário seja mantido para depois ser capaz de coordernar a função normal do órgão.
A revista científica Journal of Human Reproduction publicou um artigo sobre um caso de sucesso de transplante ovariano. Uma mulher de 27 anos foi a primeira a ter um bebê após o tratamento com tecido do ovário que foi retirado ainda na sua juventude, antes mesmo de ela ter sua primeira menstruação.
O caso, que aconteceu na Bélgica, é considerado um marco na área da saúde e fertilidade. O sucesso também provou que o pedaço do órgão imaturo pela pouca idade no momento da coleta foi capaz de restaurar a capacidade de ter filhos.
No caso de pacientes com câncer, o Manual de Transplante de Tecido Ovariano publicado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) lembra que há chances do tecido removido antes do tratamento trazer novamente células cancerígenas para o corpo. Nessas condições, as transplantadas devem fazer acompanhamento constante e exames para detectar qualquer alteração.