A narcolepsia é um raro distúrbio do sono que se caracteriza por súbitos acessos de sonolência durante o dia, eventualmente acompanhados de ataques de cataplexia (uma perda súbita do tônus muscular). Esta doença é tratada com medicamentos específicos, cujos quais a prescrição é reservada aos serviços hospitalares especializados e aos centros de estudos do sono.
Quais são os sintomas da narcolepsia?
A narcolepsia é caracterizada por quatro tipos de sintomas, três dos quais não estão sempre presentes em todos os pacientes.
A hipersonolência diurna
A hipersonolência é a existência de vontades incontroláveis de dormir ao longo do dia. Estas vontades de dormir, presentes em todos os narcolépticos, podem se produzir em várias circunstâncias, mesmo em situações em que isso pode se tornar perigoso: esperando um ônibus, na fila de espera do cinema, no trabalho, dirigindo.
Às vezes, essa sonolência excessiva se traduz por comportamentos ditos automáticos: dizer frases ou fazer gestos repetidos sem se ter consciência, dirigir em direção a lugares imprevistos. Essas pequenas sonolências duram entre um minuto a meia hora, às vezes mais. Ao acordar, a pessoa narcoléptia se sente geralmente descansada e não conhece uma nova crise durante uma ou duas horas. A duração total acumulada de sono pode atingir uma dúzia de horas por dia. Outros sintomas podem acompanhar a sonolência: perturbações da atenção e da concentração, problemas de memória, despertares noturnos repetidos.
A narcolepsia aparece na adolescência ou por volta dos quarenta anos. Os homens são ligeiramente mais afetados que as mulheres.
As crises de cataplexia
A cataplexia é a perda súbita do tônus muscular sem que a pessoa desmaie. Ela está presente em cerca de 50% a 75% das pessoas que sofrem de narcolepsia. Na prática, uma crise de cataplexia pode afetar muitos músculos (e causar a queda de uma pessoa, como uma “boneca de pano”) ou permanecer localizada em certos músculos: por exemplo, os músculos do pescoço (a cabeça que cai sobre o peito) ou os músculos da mandíbula (falar claramente se torna impossível). Geralmente, a crise de cataplexia é provocada por uma emoção, positiva ou negativa, ou até mesmo por um barulho muito forte. Em todo caso, a pessoa que sofre de crises de cataplexia é consciente do que acontece com ela e tem uma sensação de ansiedade que pode aumentar a duração da crise.
As pessoas narcolépticas podem apresentar alucinações de alguns segundos, ao acordar (alucinações hipnopômpicas) ou ao adormecer (alucinações hipnagógicas). Estas alucinações podem ser visuais, auditivas ou sensoriais. Elas são, em geral, assustadoras o suficiente para provocar o medo de ir dormir. Na maioria dos casos, felizmente, elas não são frequentes (uma ou duas vezes por mês).
Paralisias do sono
Estas paralisias do sono são observadas apenas em alguns pacientes narcolépticos. Como as alucinações que elas podem acompanhar, as paralisias ocorrem ao despertar ou ao adormecer. A pessoa fica consciente, mas conhece a sensação de estar paralisado, como em uma crise de cataplexia. Estas paralisias duram de alguns segundos a alguns minutos. Quando elas são assoiciadas a alucinações assustadoras, as paralisias do sono podem provocar crises de pânico.
Quais são as causas da narcolepsia?
Ainda um tanto desconhecidas, as causas da narcolepsia geralmente são ligadas a uma predisposição genética. Especialistas acreditam que o risco de desenvolver a narcolepsia seria consideravelmente maior quando um membro da família é atingido. Recentemente, um gene de predisposição à narcolepsia foi identificado sobre o cromossomo 22. Além desta predisposição genética, o início da narcolepsia parece estar relacionada a estresse, traumatismo craniano, episódios de febre muito alta, gravidez, depressão, tristeza, emoções muito intensas. Estima-se que a metade dos casos de narcolepsia apareceram após um evento estressante.
Como tratar a narcolepsia?
Os tratamentos visam aliviar os sintomas e restaurar a qualidade de vida. Ainda não existe um tratamento que possa corrigir as causas desta doença.
O tratamento da hipersonolência
Dois medicamentos psicoestimulantes, o modafinil e o oxibato de sódio, são utilizados em adultos para tratar a narcolepsia (ou a hipersonolência, no caso do modafinil). Eles são prescritos quando a vida do paciente é perturbada por episódios de sono incontrolável.
Um psicoestimulante anfetamínico, o metilfenidato (Ritalina), também pode ser prescrito para o tratamento das narcolepsias resistentes aos outros tratamentos.
O tratamento da cataplexia
Quando as crises de cataplexia não são aliviadas com o tratamento da hipersonolência (em particular, com o oxibato de sódio), o médico pode prescrever medicamentos geralmente utilizados contra a depressão.
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