Área de pesquisas dermatológicas, a tricologia pode mostrar o que leva à queda de cabelo e qual a influência do que consumimos nisso tudo.
Oi Pessoal, tudo bem? Antes de mais nada quero dizer que para mim é uma satisfação enorme poder compartilhar com vocês os assuntos do universo da Tricologia (área de estudo do couro cabeludo e dos fios). A intenção é deixa-los por dentro do que acontece nessa área técnico-científico, quando o assunto é cabelo, de uma forma simples e prática. Espero que gostem!
Percebo, frequentemente, que muitos não associam a doença celíaca às quedas capilares e outras alterações dermatológicas. Se você tem restricões quanto ao glúten, fique atento também a saúde de seu cabelo. Está caindo? Perdeu volume dos cabelos? Está ressecado, frágil ou diminuiu o crescimento?
Tenho participado de forma intensiva de grupos de estudos de tricologia, que é uma área da dermatologia que estuda as doenças do couro cabeludo e tenho percebido o quanto essa condição pode afetar além da pele, cabelos também (alopecias).
Pode ocorrer nesses pacientes, com maior frequência que na polulação normal, tanto o Eflúvio Telógeno (queda difusa do cabelo), por alguma deficiência nutricional causada pela alteração da parede intestinal devido a presença do glúten, quanto a Alopecia Areata (popularmente chamada de pelada, placas de alopecias no couro cabeludo), de origem auto-imune. Na polulação normal, a incidência é em torno de 0.7-1% e nos celíacos sobe para 3.8% de casos dessa alopecia.
Apesar dos avanços nos estudos, sua patologia não foi completamente desvendada e pesquisas avançam para novas descobertas sobre essa condição que afeta muito a qualidade de vida das pessoas.
A doença celíaca (DC), que há poucos anos foi considerada rara, grave em seus sintomas e com acometimento basicamente em crianças, mostrou nos estudos das últimas décadas ser uma doença relativamente comum, atingindo cerda de 1 a 2% população.
Pode iniciar na fase adulta e cursar com quadros clássicos (diarreia, fezes gordurosas, desnutrição, etc.) quadros leves (muitos chegam a ignorar os sinais), sintomas extra intestinais (pâncreas, pele, mucosas, etc.) e até assintomáticos (sem nenhum sintoma). Por isso trata-se de uma doença de difícil diagnóstico. Muitos apresentam a doença e não sabem.
A resposta da inflamatória ao glúten provoca frequentemente danos a muitos outros tecidos do corpo, especialmente os de origem auto-imune. Recentemente, foram publicadas muitas pesquisas italianas mostrando a recente associação da DC com a Alopecia Areata. Veja os motivos:
– Ambas têm origem auto imune (desregulação de linfócitos T);
– A alteração da permeabilidade da mucosa intestinal nos intolerantes ao glúten leva ao aumento na absorção de várias substâncias (antígenos), capazes de desencadear uma reação imunológica, causando a alopecia areata (formação de anticorpos com a capacidade de destruir o folículo piloso).
Tricologia: resultado dos estudos
O fato curioso é que os pacientes relatados no estudo que não respondiam ao tratamento tradicional da alopecia, foram beneficiados com a dieta livre de glúten feita por meses. Começaram a repilar desde então (crescimento de fios no couro cabeludo) e esse fato mostra que não pode ser ignorada a forte relação entre as duas condições.
Porém, ainda há divergências porque alguns trabalhos mostraram que certos indivíduos não responderam com a dieta livre de glúten. Ainda não sabemos dizer o porquê dessas diferenças nas respostas, mas já há justificativa considerável para iniciarmos a pesquisa de DC nos pacientes portadores de AA e, se for o caso, pensar na possibilidade de exclusão do glúten nesses pacientes.
Outras doenças dermatológicas recentemente descritas como possivelmente associadas à DC foram: Dermatite herpetiforme, Urticária crônica, Angioedema hereditário, Vasculites, Dermatite atópica, Psoríase, Doença behcet, Líquen plano, Lúpus eritematoso, Dermatomiosite, Doenças bolhosas, Eritema nododo, Eritema elevatum diutinum, entre outras.
Quem tem alguma dessas condições, sugiro a triagem para doença celíaca também. O assunto é bem extenso e para não deixar a leitura cansativa, continuarei falando sobre queda de cabelo e doença celíaca nas próximas matérias.
Referências Bibliográficas :
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