Tem uma coisa que eu ouço muito no consultório: “Pronto doutor. Trouxe os exames mas não se preocupe que eu nem abri.” Outras pessoas já se comportam de maneira diferente: “Pois é, doutor. Eu li estes exames todos mas não adiantou. Não entendo nada disso mesmo…”
Não posso esquecer, de forma alguma, daquele diálogo às 3 horas da manhã:
“- DOUTOR, SOCORRO! EU ESTOU INFARTANDO!
– Hein? Hã? Como? [digo eu, ainda acordando]
– É SÉRIO, DOUTOR! EU VI NO MEU EXAME QUE TÔ INFARTANDO!
– … Como é? Como assim? Que exame?
– Ai, doutor. Eu olhei o resultado do exame e fui no Google e…”
Não precisa continuar. Já deu pra perceber a tônica da história.
As reações de uma pessoa leiga, ao ler seus resultados de exames, podem ser as mais variadas. Isso é normal. Os resultados são dados em laudos que só podem ser interpretados por profissionais qualificados, capazes de avaliar e ponderar sobre os resultados para chegar a conclusões úteis sobre o caso do paciente, associando estes dados às informações clínicas colhidas na consulta. Atualizar-se quanto a tudo isso é dever do profissional que se presta a fazer uso dessas ferramentas como forma de avaliar melhor seus pacientes.
É proibido o paciente ler seus exames laboratoriais antes do médico?
Agora vem a pergunta: será que isso deve te desencorajar a ler os resultados de seus exames?
Minha resposta é: depende de você. A rigor, a posse dos resultados dos exames é daquele que forneceu o material biológico para realização dos testes, ou seja, DO PACIENTE. Acredite.
O profissional que solicitou os exames NÃO É DONO DOS RESULTADOS. O paciente é o único dono e deve ser consultado, inclusive, se quer ou não que sejam lidos (sei que isso parece ilógico, mas é verdade). Pense direitinho em que tipo de pessoa você seria naqueles 3 casos lá de cima e decida se lê ou não (e assuma as consequências). Não esqueça, entretanto, de me fazer um favor: não tire conclusões sem consultar o profissional que te pediu os exames, OK?
Trago outra observação para você. Há, entre os profissionais da área de saúde, uma idéia de que pedir poucos exames seria sinal de exatidão ou de maior capacidade de avaliação clínica. Nos dias de hoje, não vejo lógica nisso e acredito que, sabendo analisar e relacionar os diversos exames disponíveis, podemos chegar a muitas conclusões interessantes que fugiriam a uma análise mais simplista. A clínica é soberana, afinal, tratamos pessoas e não resultados numéricos de testes, mas os exames complementares podem ajudar muito. Basta saber, de fato, lê-los e relacioná-los, e isto é um dever do profissional.
Converse com quem te pediu exames e peça esclarecimentos sobre os resultados. Peça que seja feita uma exploração bem criteriosa e saiba que, algumas vezes, serão realizados exames que não são cobertos por convênios. Pense sempre no benefício que uma avaliação bem completa poderão te trazer. Afinal de contas, quem quer contar com a sorte e a adivinhação?
Vamos buscar pistas com responsabilidade e respeito.
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