A morte súbita de Pedro Almeida, filho de Manoel Carlos, aos 22 anos no último dia 4 de outubro, causou surpresa em muita gente. O caçula do autor era jovem, levava uma vida saudável em Nova York, onde morava, e não fazia parte do grupo de risco.
O que poucos sabem é que ataques do coração não precisam estar relacionados somente ao sedentarismo e aos maus hábitos alimentares. Doenças de origem genética também podem provocar arritmia cardíaca e a consequente morte súbita por falhas no músculo do coração.
Morte súbita e as doenças cardíacas
As patologias que desencadeiam os defeitos cardíacos são chamadas de miocardiopatias. Há duas geralmente relacionadas à morte súbita. A primeira delas é a miocardiopatia hipertrófica, onde existe um aumento do músculo, sendo esta a causa da arritmia.
A segunda é a displasia arritmogênica do ventrículo direito. Nessa patologia as células sadias do músculo cardíaco acabam morrendo e são substituídas por células de gordura (adiposas). Esse processo, entretanto, não tem relação com a má alimentação.
Há ainda doenças ligadas a falhas elétricas no funcionamento do coração, que nada têm a ver com falhas no músculo. Elas são chamadas de cardiopatias primariamente elétricas e podem se manifestar ainda na gestação e até o início da vida adulta. As doenças relacionadas a essas falhas são de origem genética e podem causar arritmia maligna.
Crianças também podem sofrer morte súbita
A morte súbita pode acontecer tanto em crianças recém-nascidas como em adultos jovens. Na infância é comum nos primeiros três meses e rara depois do sexto mês de vida. Geralmente, a ocorrência em bebês está relacionada a fatores genéticos hereditários.
Nos adolescentes e nos jovens adultos, sedentários ou atletas, a maioria das mortes acontecem por doenças do coração, sejam elas conhecidas ou não pelas vítimas ou pelos seus familiares. A morte súbita também pode acontecer em casos de estresse e de grande excitação.
Esportistas também devem ficar atentos a algum sintoma anormal, como dor forte no peito em exercícios que geralmente não causam dores. Em caso de dúvidas, o ideal é sempre procurar um médico e, se necessário, um cardiologista. O eletrocardiograma é o principal exame para detecção de problemas no coração.
Arritmia cardíaca
Arritmia cardíaca ou palpitação é um distúrbio do ritmo cardíaco. Sua detecção pode ser feita a partir de sintomas como taquicardia, desmaios e convulsões, ou sob a forma de diagnóstico no eletrocardiograma. Embora a maioria das arritmias não seja grave, o potencial de uma morte súbita é grande em pacientes com origem genética da doença.
Algumas crianças podem ter arritmias graves, mas como os sintomas são parecidos com os da epilepsia, muitas vezes são confundidos com o transtorno neurológico. A morte súbita ainda pode ser causada devido às crianças não saberem descrever os sintomas da arritmia ou da taquicardia. Elas podem até estar com dor no peito, mas não sabem explicar.
O tratamento vai depender do tipo específico de arritmia. Em alguns casos, o uso de medicação antiarrítmica é suficiente, podendo prevenir a ocorrência de novos episódios arrítmicos. Em outros, porém, há a necessidade de outras terapias mais complexas.