Relacionamentos costumam ser complexos. Mas quando há amor obsessivo, a situação é extrema e merece atenção. Estar em contato com outro ser humano, não importa em que grau, exige muito de cada um. É claro que, no âmbito saudável da relação, isso não é nenhuma tarefa grandiosa. Porém, quando a situação não é saudável, o alarme deve soar.
O amor obsessivo é caracterizado por um sentimento muito intenso que, em geral, sufoca e cerca o ser amado. “É um sentimento de posse pelo outro. Pode estar relacionado a questões narcísicas e de dependência. É como se a pessoa que ama de forma obsessiva só se reconhecesse ‘grudado’, fundido ao outro”, explica a psicóloga Vanessa Ackermann Marzullo.
Causas do amor obsessivo
De acordo com Vanessa, de forma geral, esse amor está relacionado a questões de personalidade e, dependendo de sua intensidade, forma e prejuízos causados, pode ser reflexo de um transtorno de personalidade.
Ele faz com que as pessoas tratem seus parceiros como objetos, e elas têm a tendência de controlar tudo e todos a seu redor, assim como comportamentos e sentimentos, possuem preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores.
Essa relação pode estar baseada na dependência e em vínculos simbióticos. Quando uma pessoa vive em função da outra, é como se o resto do mundo não existisse, pois a pessoa passa a não se preocupar com ela própria e permanece constantemente prestes a exercer o controle sobre o outro.
O amor obsessivo, de acordo com Vanessa, pode se manifestar de formas diferentes em homens e mulheres. “Penso que os homens que amam de forma obsessiva podem se tornar excessivamente violentos, configurando nesses diversos casos que vemos em noticiários sobre crimes passionais contra mulheres”, acrescenta Vanessa.
E quando esse sentimento obsessivo se manifesta, o relacionamento começa a adoecer. No início, o ser amado pode se sentir muito bem com tanto amor recebido, mas ao longo do tempo, passa a se sentir sufocado, controlado, dependente, repensando a relação em um dado momento.
“O que pode ser muito ameaçador para aquele que ama de forma obsessiva, pois teme perder o objeto amado, e perdendo o objeto amado, é como se estivesse perdendo a si mesmo, tamanha a fusão estabelecida”, reflete Vanessa.
Tendo em vista que o amor obsessivo seja um sentimento de posse do outro, pode ocorrer que as pessoas sintam isso por amigos ou familiares. “Mas acredito que seja mais comum de encontrar nas relações entre pais e filhos”, acrescenta.
Amor obsessivo e o ciúme
Pode haver uma confusão entre os conceitos de amor obsessivo. E, segundo Vanessa, o ciúme pode ser um dos componentes desse sentimento de obsessão. “Tendo em vista que a pessoa que ama obsessivamente precisa ter tudo ao seu controle, o mínimo olhar que a pessoa amada dê para o lado, já pode ser motivo de desconfiar e sentir ciúmes disso”, completa.
Vanessa ressalta que é importante que a pessoa possa se conhecer a ponto de saber que essa forma de amar mais lhe prejudica do que auxilia e, então, buscar ajuda psicoterapêutica.
Mas, em geral, as pessoas só buscam ajuda com o problema já instalado. Assim, na maioria das vezes, o tratamento precisa da intervenção psiquiátrica e da administração de medicamentos.
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