Clínica Geral

Gordinho pode ser saudável? Estudo mostra se isso é possível

Por Redação Fortíssima 21/12/2015

Existe um fenômeno que põe em debate a relação entre massa corporal e tempo de vida. É o paradoxo da obesidade, que consiste na possibilidade de pessoas acima do peso serem saudáveis. Esse conceito vem sendo trabalhado nos últimos anos por pesquisadores da saúde, e alguns estudos apontam que gordinho também pode estar com a saúde em dia.

É o caso da tese desenvolvida pela pesquisadora Alline Maria Beleigoli, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela observou se o peso excessivo e o tamanho da circunferência abdominal têm influência na mortalidade de idosos.

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Paradoxo da obesidade consiste na possibilidade de pessoas acima do peso serem saudáveis. Foto: iStock, Gety Images

Gordinho saudável e o paradoxo da obesidade

A tese é parte de um estudo da Fundação Oswaldo Cruz desenvolvido com idosos desde 1997. Alline observou dados entre o início desse trabalho até 2008. Nesse período, o peso de 1.606 idosos foi monitorado na cidade de Bambuí, em Minas Gerais. Quando o estudo foi iniciado, 514 deles tinham sobrepeso e 189 eram obesos.

“Ao longo desse tempo, foram realizadas medidas de peso, altura, índice de massa corporal e cintura, além de pesquisa de hábitos de vida, como atividade física, tabagismo, uso de álcool e doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças renais e cardíacas”, contextualiza Alline.

Inicialmente, a hipótese era de que os idosos com maior tendência a morrer seriam aqueles que apresentavam sobrepeso, com índice de massa corporal de 25 a 29,9, e obesidade, com IMC igual ou maior do que 30. Entretanto, para desenvolver sua tese, quando Alline observou os dados, a conclusão foi outra.

“Como resultado, vimos que os idosos com IMC entre 25 e 32, nas categorias de sobrepeso e obesidade leve, em 1997, tiveram risco de morte menor do que aqueles com IMC na categoria considerada normal pela Organização Mundial da Saúde, entre 18,5 e 25”, explica.

Os dados reforçam o paradoxo da obesidade que, segundo a pesquisadora, contrapõe o conceito da obesidade como fator de risco para várias doenças.

Apesar dos índices obtidos, a pesquisadora menciona no estudo alguns pontos que podem justificar os resultados. Primeiro, que a gordura corporal pode servir de reserva metabólica para os idosos, o que contribui para a recuperação de alguma doença que gasta as reservas do corpo.

A segunda razão trata das medições de IMC, que considera as massas magra e gorda: ou seja, é possível que um indivíduo com IMC alto não tenha obesidade.

Por fim, a hipótese de que os idosos com problemas de saúde relativos ao sobrepeso, obesidade e circunferência abdominal acima do ideal podem ter morrido por esse motivo antes do final da pesquisa. Ao todo, 512 faleceram no período de 10 anos.

Como se manter saudável

O paradoxo da obesidade é apontado em alguns estudos, mas isso não é um passe livre para se descuidar. Um gordinho pode ser saudável, contudo, é importante considerar que cada pessoa tem suas particularidades.

“Apesar da definição de saúde ser ampla e envolver outros aspectos físicos, mentais, sociais e até espirituais, os termos ‘sobrepeso’ e ‘obesidade saudável’ se referem à ausência de anormalidades metabólicas em indivíduos com sobrepeso e obesidade”, diz Alline.

Segundo ela, os resultados dos estudos que investigam a questão da obesidade saudável são heterogêneos tanto na definição das anormalidades quanto ao tempo de seguimento dos pacientes. A pesquisadora menciona que alguns deles apontam que esse estado é temporário, o que significa que eventualmente a obesidade leva a anormalidades metabólicas.

“Em geral, as pessoas acham que não é possível ser obeso saudável pelo amplo conhecimento de que a obesidade aumenta o risco de várias doenças cardiovasculares, metabólicas e neoplásticas”, pontua.

Então, como avaliar se um gordinho é saudável? Alline explica que alguns critérios são observados, que no geral são glicemia, resistência à insulina, níveis de colesterol, triglicérides e medida da cintura.

A pesquisadora menciona alguns hábitos bons. Não fumar, praticar pelo menos 150 minutos de exercícios físicos semanais, consumir no mínimo cinco porções de frutas e vegetais diariamente, evitar alimentos processados e ter sono revigorante – que geralmente ocorre de sete a nove horas.

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