Um trabalho feito pela antropóloga Miriam Goldenberg apontou que a traição masculina ainda é maior que a feminina, mas essa diferença vem diminuindo nos últimos anos. Segundo a pesquisadora, 60% dos homens entrevistados já traíram, contra 47% das mulheres.
Traição masculina ainda é vista como “menos grave”
A afirmação de que a traição masculina é algo puramente cultural pode estar ligada ao passado quando o homem era o único provedor da casa e a mulher aceitava a condição de traída. É o que explica a terapeuta de família e casal Mirela Manfro da Silva.
Mirela afirma que há uma grande mudança atualmente. Se observarmos as estatísticas, veremos que as mulheres também traem, e estão chegando perto dos números da traição masculina. No entanto, o fato de a mulher trair ainda é visto como ‘pior’ do que quando é o homem a trair.
Segundo a terapeuta, as mulheres ainda são educadas a entenderem mais os homens, e eles seguem a dominar o mercado de trabalho e recebem salários maiores: são eles ainda que saem para o trabalho e as mulheres que ficam com os filhos e as responsabilidade pelo lar.
“Esse quadro tem mudado drasticamente, mas ainda é assim que a maioria das pessoas espera que aconteça e se configurem as famílias” diz. Assim, movido pelo estresse de ‘sustentar a casa’, muitas pessoas não estranham que os homens traiam para se divertir, como se eles “precisassem” disso.
Por isso, na maioria das vezes, a mulher quando é traída busca procurar esse tipo de justificativa para si mesma, dizendo que o homem “precisava relaxar”. Também é comum relacionar a traição masculina com sexo – e não com amor -, sendo mais facilmente aceito pelas mulheres que o parceiro só queria um sexo diferente.
Mas fora esse contexto social, Mirela diz que é muito difícil especificar a característica de uma pessoa que trai. Antigamente, eram os homens que gostavam mais da vida boêmia. Hoje isso não existe mais.
Qualquer um pode trair, a qualquer momento. “E o acesso fácil à internet aumentou as chances de trair, pois podemos conhecer alguém com o nosso celular, em qualquer lugar”, diz a terapeuta.
Marcas da traição masculina
A traição é sempre devastadora para os relacionamentos, e deixará alguma marca neles para sempre. Hoje, pode-se reconstruir as relações depois de uma traição com muita terapia, tentando aprender a conviver com o fato e encontrando sentido para retomar o relacionamento e as mudanças necessárias.
“Por incrível que pareça, às vezes a traição masculina – e feminina também – vem para salvar o casamento quando ambos percebem que realmente querem ficar juntos e restaurar o relacionamento, com as mudanças necessárias”, comenta a psicóloga.
Mas isso é muito difícil, a pessoa que é traída tende a se culpar ao extremo, buscar razões para o fato, que nem sempre existem, sente-se perdida e com a sensação de que não conhece a pessoa que está ao lado dela.
“A traição ainda é um dos mais difíceis fatos de aceitar e suas marcas são eternas. Por isso, a terapia de casal é fundamental na maioria dos casos”, assinala Mirela.
Assim, a “cura” para qualquer infidelidade é a pessoa entender que a rotina existe, é chata e acaba com os relacionamentos, mas que ela mesma pode vir a mudar isso com outras estratégias que não seja a traição: convidar a esposa para sair, colocar uma roupa nova, surpreender o companheiro.
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