Conflitos sociais e familiares, decepções amorosas, momentos de turbulência no trabalho, crises financeiras e percalços do dia a dia afetam nosso bem-estar. Porém, há outro sintoma, muitas vezes esquecido, que nos distancia da tão desejada sensação de bem-estar: a dificuldade de perdoar.
Sem perdoar não há bem-estar
Pesquisas da Duke University, Universidade de Tennessee e da Universidade de Stanford, apontam que o stress causado pela vingança ou pensamentos negativos desequilibra nosso sistema imunológico. Comprovam, também, que pessoas capazes de perdoar podem obter melhor saúde cardíaca, menor incidência de dores físicas e psicológicas e, assim, viver de forma mais plena e saudável.
A sensação de bem-estar está atrelada à forma como somos capazes de lidar com os episódios de nossas vidas. No livro Felicidade Autêntica, Martin Seligman, considerado o “pai” da Psicologia Positiva, revela que pensamentos negativos acerca do passado nos distanciam da satisfação de paz, serenidade e de bem-estar que tanto cobiçamos.
Você concorda que a conclusão de Seligman faz todo o sentido? Quantas vezes você sentiu um incômodo tremendo, um grande arrependimento, por não perdoar um amigo ou alguém próximo? E chegou até desfazer-se de amizades de anos por não se render a um singelo perdão?
Como não podemos reescrever o passado, a solução mais sensata é esquecer as lembranças ruins e aprender finalmente a perdoar. Além disso, segundo Seligman, quando seguido pela reconciliação, o perdão pode melhorar consideravelmente a sua relação com a pessoa perdoada.
Afinal de contas, por que é tão difícil perdoar?
“Eu quero perdoar, mas não consigo” é uma frase falada, repetida, ou, ao menos pensada, por muita gente. A verdade pode doer, mas a responsabilidade por bloquearmos o perdão e guardarmos rancor é toda nossa e não daqueles que não conseguimos perdoar.
A essência do perdão é sermos resilientes quando as coisas não saem do jeito que planejamos, segundo Fred Luskin, um dos maiores especialistas do estudo do perdão e diretor da Stanford University Forgiveness Projects. Devemos aceitar a realidade, seguir em frente e viver a vida sem ressentimentos, sabendo perdoar.
Martin Seligman apresenta em sua obra três razões, encontradas em nosso inconsciente, que explicam o porquê de desenvolvermos rancor e nos amarrarmos, com todas as forças, a mágoas do passado:
1. O perdão nos impende de “castigar” o culpado e “ajudar” outras vítimas.
2. O perdão pode soar como prova de amor pelo culpado.
3. O perdão vai à contramão da “tão aguardada” vingança.
Você percebe que temos duas escolhas? ‘Não perdoar e afetar negativamente o culpado ou a si mesmo’ ou ‘perdoar e libertar-se’? A segunda, sem dúvida, é muito mais vantajosa e conta pontos valiosos para o nosso bem-estar. Mas é possível aprender a perdoar?
Adeus, rancor!
O poder de transformar atitudes negativas em positivas está em suas mãos. A partir do momento que você decidir livrar-se do sentimento de rancor, você se sentirá mais leve, livre para seguir adiante e tornar-se uma pessoa melhor. E, respondendo à pergunta anterior: sim, existem formas de aprender a perdoar.
Confira cinco etapas baseadas no método REACH, elaborado pelo psicólogo Everett Worthington e apresentado por Martin Seligman, para perdoar e alcançar resultados surpreendentes:
- Visualize, respirando profundamente, o evento que lhe causou rancor.
- Coloque-se no lugar da pessoa que o ofendeu. Qual motivo a teria levado a tomar a atitude que você não consegue perdoar?
- Lembre-se de uma situação na qual você agiu mal e foi perdoado. Como você se sentiu?
- Comprometa-se publicamente a perdoar. Que amigo pode ser seu aliado nessa missão?
- Não fique remoendo lembranças. Quando se dispuser a perdoar, perdoe de verdade e não olhe para trás.
Seguindo esses passos, você, com o tempo, será uma pessoa capaz de perdoar e, enfim, viver a vida como ela merece ser vivida (positivamente!), pois, de acordo com estudo realizado na Universidade de Stanford, procedimentos como o REACH geram menos stress, menos raiva, mais otimismo, mais saúde e bem-estar.
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