Já reparou que respiramos mais fundo quando fazemos atividades mais intensas? Isso acontece porque o corpo, ao consumir energia para dar conta das atividades, utiliza mais oxigênio (O2). No entanto, em treinos mais fortes, o organismo não tem oxigênio suficiente para dar conta da demanda naquele momento e acaba ficando com um déficit.
Quando o treino acaba, o corpo precisa se restabelecer e retornar ao normal – e isso também consome energia. É que aí entra o Epoc, sigla para excess post-exercise oxygen consumption ou consumo excessivo de oxigênio após o exercício.
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“Essa normalização demora algum tempo, que é o necessário para ‘pagar’ o déficit de O2 acumulado durante o exercício”, explica o professor Ronaldo Vagner Thomatieli dos Santos, do curso de Educação Física do Departamento de Biociências da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Epoc emagrece?
De acordo com Santos, o corpo usa seus depósitos de gordura como fonte de energia nesse período de recuperação após as atividades físicas, o que ajuda a emagrecer.
Até uma hora depois do exercício, acontece o que se chama de Epoc rápido. É quando o corpo restabelece a temperatura normal, o nível de oxigênio e limpa substâncias nocivas resultantes do processo de geração de energia.
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Já o Epoc prolongado pode acontecer até 24h após o fim dos exercícios. É quando o organismo recompõe o estoque de energia dos músculos, para serem utilizados novamente.
A duração e magnitude desse gasto de energia pós-exercício variam bastante de acordo com o tempo de exercício e a sua intensidade. “Algumas evidências científicas demonstraram que exercícios com intensidades mais elevadas, que consigam ser sustentados por períodos mais prolongados, podem gerar maior efeito Epoc e, portanto, maior gasto de gorduras após o exercício”, explica o professor.
Turbinando o efeito Epoc
O Epoc está sendo pesquisado por cientistas de várias áreas no mundo todo. Um deles investigou como os exercícios de resistência de baixa e alta intensidade influenciam nesse processo.
Para isso, os pesquisadores Kathleen M. Thornton, da Georgia Southern University, e Jeffrey A. Potteiger, da Virginia Commonwealth University, recrutaram 14 mulheres jovens. O teste consistia de uma fase de exercícios de intensidade leve, e outra, mais forte. Entre uma série e outra, as participantes tiveram seus batimentos cardíacos medidos, bem como o seu nível de consumo de oxigênio.
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Com isso, os pesquisadores puderam comparar o Epoc antes e depois das atividades – e descobriram que o efeito é bem maior após os exercícios mais intensos.
Mas nem por isso você deve dedicar todo o seu treino nos exercícios de mais alto impacto. Segundo o professor, “uma das melhores formas de aumentar o efeito Epoc é realizando exercícios em intensidade e volume adequados”
Além disso, eles devem ser feitos na maior quantidade possível de dias ao longo da semana. Mas nunca se esqueça de que o corpo precisa de repouso entre uma série e outra, respeitando seus limites. E não descuide da alimentação!
*Colaborou Vanessa Zampronho