A história se repete. Grandes mentes brasileiras têm a oportunidade de mostrar sua genialidade e criar algo completamente novo no campo da ciência… fora do Brasil. É triste perceber que nossos pesquisadores, muitas vezes, só vão ter essas oportunidades em países estrangeiros, onde a educação e a pesquisa científica são verdadeiramente apoiadas e incentivadas. Ainda bem que nada disso diminui a genialidade do casal Wadih Arap e Renata Pasqualini.
Esta dupla de pesquisadores criou a inovadora droga ADIPOTIDE, que corta o suprimento sanguíneo para depósitos de gordura corporal e promete ser mais um grande aliado na luta contra a obesidade. Ainda em fase de testes, a nova droga ainda não está à venda (nem se animem) e ainda deve demorar um tempinho para termos acesso a seu uso. Esperamos que não demore muito.
Pois é. Genial com certeza. Estão de parabéns os pesquisadores. 100%!
Agora vamos voltar a conversa para nós mesmos.
Não podemos esquecer uma coisa: “vem fácil, vai fácil”. Isso mesmo. Se depositarmos toda a responsabilidade do emagrecimento em um medicamento, que tipo de aprendizado e desenvolvimento nós teremos? É óbvio que a nova medicação irá salvar vidas, principalmente de pacientes com obesidade mórbida, e impedirá muitas pessoas de realizar as “milagrosas” cirurgias gastrintestinais com objetivos de emagrecimento. É evidente que a inovação será útil mas, como já disse anteriormente sobre outra medicação, deverá ser utilizada por QUEM PRECISA MESMO.
O processo de emagrecimento com esforço e trabalho, aliando controle alimentar, exercícios físicos e uma reabilitação psíquica é composto por um sem número de vivências que levam o paciente a uma grande crescimento pessoal. Quem possa emagrecer sem tanta pressa deve fazer disso uma oportunidade, um processo de aprendizado e ganho de autocontrole ímpar, cujos reflexos se farão evidentes em muitas outras áreas de sua vida. Ninguém engorda “de repente”, sendo que o emagrecimento deve ser um processo com duração proporcional ao esforço que se aplique.
Alcançar um resultado com empenho e trabalho dá um sabor muito mais interessante ao mesmo. A sensação de vitória, de meta alcançada, vai tornar toda a vida do paciente mais plena de satisfação, e torná-lo uma pessoa mais segura de si, de suas capacidades.
O adipotide promete ser uma excelente arma para tratarmos os pacientes que dele precisem e me orgulha profundamente saber que os pesquisadores que o desenvolveram são brasileiros. Parabéns a eles! Só não vamos transformar, nós médicos que atendemos os pacientes diretamente, a sua fabulosa descoberta em um incentivo para a falta de empenho e para a ideia de que se pode simplesmente “comprar” um emagrecimento. Esta mentalidade fraturada e débil já se estende por um sem número de tratamentos, mesmo que não funcionem tão bem. Imaginemos o que pode acontecer se ela se apegar a um que realmente funciona!
Não incentivemos a irresponsabilidade daqueles que devemos orientar.
Viva o casal de pesquisadores brasileiros! Viva a responsabilidade!
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