Os videogames são uma fonte inexplorada de comunicação social e de redução de distúrbios de atenção, segundo especialistas. Um estudo realizado por pesquisadores norte-americanos da Universidade de Missouri descobriu que as crianças com autismo passam, em média, cerca de uma hora a mais por dia que as outras jogando videogame. Os cientistas também analisaram crianças que sofrem de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), revelando que elas têm melhores resultados em jogos de resolução de problemas.
Videogame: Um substituto da comunicação social no tratamento do autismo
A escola Steuart W. Weller d’Ashburn, de Virgínia, a cerca de 50 quilômetro a noroeste de Washington, tem um dos centros especializados nos Estados Unidos em testar os consoles de videogames com autistas jovens. Os resultados são surpreendentes: durante e depois do jogo, as crianças têm uma tendência a imitar o que fizeram no jogo e aprender a compartilhar o espaço. Foi o que aconteceu com dois meninos que passam por tratamento do autismo, Sawyer e Michael de 10 anos, que se cumprimentam no fim de uma partida. O toque físico entre esses dois meninos autistas não era frequente até pouco tempo: foi um aprendizado adquirido através de um console Xbox equipado com Kinect.
Lançado pela Microsoft em 2010, o Kinect permite jogar sem controles, utilizando o próprio corpo graças a um detector de movimentos. O aparelho não foi projetado com fins terapêuticos, mas segundo especialistas, o console se tornou uma ferramenta interessante para ajudar crianças e adolescentes no tratamento do autismo.
Através do jogo, as crianças mostram criar um contato, fazendo os movimentos solicitados pelo jogo e permanecendo lado a lado, pulando, se agachando e se abraçando, enquanto na tela seus avatares reproduzem os movimentos. Para comemorar, dependendo do jogo, os avatares batem nas mãos um do outro, fazendo um “hi five”, gesto de comemoração tipicamente americano.
“Fazer este gesto, se cumprimentarem mutuamente, não é algo que vemos muito”, disse Anne-Marie Skeen, professora especializada. Os educadores de Ashburn trabalham há dois anos com o Kinect pesquisando sobre o déficit de comunicação que caracteriza o autismo.
Segundo Lynn Keenan, professor especializado, os jogos “os levam a falar, dar instruções para um colega, seguir as instruções de outro”. “Temos obtido resultados impressionantes, porque eles têm realmente vontade de jogar”, acrescenta.
Seria a grande jogada para o tratamento do autismo?
“As crianças estão tão motivadas pelo jogo que se envolvem mais facilmente, tomam a iniciativa, e isso é o que queremos que façam”, destaca Dan Stachelski, diretor do Centro Lakeside para o Autismo em Issaquah (Estado de Washington, noroeste dos EUA), porém trata-se de uma ferramenta que facilita o aprendizado e não uma solução milagrosa para o tratamento do autismo.
“A população (autista) é tão diversa. Há crianças que falam, outras não falam, alguns têm problemas motores, outros não. Uma só ferramenta não pode ser a solução milagrosa que funcione para todo mundo”, explica Andy Shih, vice-presidente científico da associação de famílias Autism Speaks.
Várias famílias estão comprovando o potencial do Kinect no tratamento do autismo, segundo Shih, que aponta também a vantagem do baixo custo (nos Estados Unidos) de 150 dólares. Os resultados são animadores, mas ainda faltam dados científicos para comprovar a eficácia da ferramenta.
Conheça Sawyer e Michael e veja o que dizem os professores e especialistas no tratamento do autismo!
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