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Como detectar o transtorno de personalidade dependente

Por Redação Doutíssima 04/06/2015

Talvez você já tenha ouvido falar do transtorno de personalidade dependente. Mas saiba que pode ser algo que afete diretamente pessoas de sua relação ou até você mesmo. Trata-se de uma alta necessidade de ser cuidado, levando a comportamentos submissos e um grande medo de ser abandonado.

“A pessoa com transtorno de personalidade dependente tende a ser insegura, tem a crença de que não é capaz de agir ou tomar decisões sozinha, precisando sempre da opinião do outro”, como explica a psicóloga clínica Jaluza Aimèe Schneider, que atua no Núcleo de Atendimento Psicológico (NAP), em Novo Hamburgo (RS).

transtorno de personalidade dependente

Tipo de transtorno de personalidade pode fazer as pessoas se sentirem inseguras. Foto: iStock, Getty Images

Transtorno de personalidade dependente e medo

A pessoa com esse transtorno, por ter medo de ser rejeitada, age com base no que o outro deseja, apresentando submissão frequente frente a familiares, cônjuges e amigos.

Também pode se perceber tais comportamentos sintomáticos em ambientes profissionais, por exemplo, levando o indivíduo a não realizar tarefas sem supervisão constante de colegas de trabalho, podendo ocasionar em desentendimento no grupo de trabalho.

De acordo com a psicóloga, geralmente, o transtorno de personalidade dependente se manifesta no início da vida adulta, quando o indivíduo começa a ter de tomar decisões e obter responsabilidades de adulto, e é mais prevalente entre as mulheres.

“Os sintomas vão ser percebidos mais facilmente por alguém fora da família nuclear, o cônjuge, por exemplo, pois os cuidadores podem reforçar os comportamentos dependentes, sem entender como algo fora da normalidade”, comenta.

Segundo a especialista, alguns estudos epidemiológicos sobre esse  transtorno evidenciam que esses indivíduos tendem a ter crescido em famílias muito protetoras e autoritárias, sem estimulação à sua independência.

Porém, quando se trata de personalidade, não se pode falar sobre causa e efeito, pois seu desenvolvimento depende de uma variação de  aspectos biológicos, sociais e psicológicos.

Transtorno de personalidade dependente e carência

Há quem confunda o transtorno com carência. Mas, de acordo com Jalusa, quando se fala em carência, fala-se da falta de algo na vida, como o afeto. A carência afetiva faz com que a pessoa busque cessar seu sentimento de solidão e sua falta de carinho apoiados em outra pessoa.

O carente pode ter comportamentos submissos por medo de se ver sozinho. “Em outra perspectiva, o indivíduo com personalidade dependente busca no outro uma forma de funcionamento, pois se considera incapaz de se adequar no mundo sem a ajuda e afirmação externa”, completa.

A carência, de acordo com Jalusa, vai se referir a períodos e situações específicas, identificadas como momentos de carência. Já o transtorno de personalidade dependente vai se tratar de um padrão global do que ela chama de funcionamento desadaptativo ao longo de toda a vida em relação à necessidade de ser cuidado.

“O sentimento de carência não se trata de uma patologia, e não pode ser confundido com um transtorno de personalidade dependente. Sempre devemos ver o transtorno de personalidade como algo que excede os padrões culturais, com medos excessivos e irreais de possibilidade de abandono, o que não se percebe em alguém carente”, explica.


A falta de autonomia dificilmente é percebida pelo próprio indivíduo, sendo mais comum ser relatada pelos familiares. O tratamento para esse tipo de transtorno se dá por meio da terapia, com foco nas crenças irreais sobre a incapacidade da pessoa na busca por reestruturar esses pensamentos. Em alguns casos, pode haver necessidade de medicação.

 

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