Clínica Geral

Entenda o acidente de Schumacher e sua situação clínica

Por Redação Doutíssima 10/02/2014
Em coma desde seu acidente de esqui no dia 29 de dezembro de 2013, Michael Schumacher continua apresentando um estado de saúde crítico, segundo os médicos do Hospital de Grenoble, onde ele se encontra internado. O ex-piloto de Fórmula 1 sofre de lesões cerebrais sérias, entre elas, um traumatismo craniano severo.
 

Schumacher

 

Entenda melhor o que é um traumatismo craniano severo, e quais as chances do piloto de se recuperar sem sequelas.

O que é um traumatismo craniano severo?

 

Um traumatismo craniano é um choque realizado na cabeça, na área do crânio. Os traumatismos benignos são mais frequentes, e provocam nenhuma ou pouca consequência. Já os traumatismos severos são mais raros, e provocam lesões cerebrais graves. A partir do momento em que acontece uma lesão severa, um tratamento especializado é necessário. O prognóstico é relacionado à importância dos sinais e lesões iniciais. Algumas vítimas falecem ou levam deficiências para o resto da vida, enquanto outras se recuperam sem muitas sequelas. O traumatismo craniano representa, hoje em dia, a causa número 1 entre as pessoas de 15 a 25 anos, sendo também a maior causa de deficiência severa nas vítimas com menos de 45 anos.

Como é feito o tratamento de um traumatismo craniano severo?

 

Tudo vai depender das lesões detectadas com a ajuda do escâner: fraturas, hematomas ou edemas cerebrais (inchaço do cérebro devido a uma acumulação de líquidos nos tecidos). No caso de Schumacher, os médicos encontraram hematomas intracranianos que necessitavam de uma intervenção cirúrgica para realizar uma evacuação dos mesmos. Porém, o escâner também apontou um edema cerebral difuso – um fator grave, pois ele é uma fonte de hipertensão intracraniana que pode se manifestar através de dores de cabeça violentas, assim como vômitos. Para evitar que seu cérebro não sofra demasiadamente e que as lesões não se tornem irreversíveis, o ex-piloto foi induzido a um coma artificial e uma situação de hipotermia entre 34 e 35°C para que houvesse uma diminuição da consumação de energia do cérebro (protegendo-o, dessa forma), segundo Jean-François Payen, chefe do serviço de reanimação do Hospital de Grenoble. Esta técnica foi comprovada cientificamente e é comumente utilizada para curar este tipo de traumatismo. Além disso, existem medicamentos capazes de baixar a pressão intracraniana e a possibilidade de realizar uma abertura do crânio.

Após a intervenção cirúrgica de Schumacher, algumas lesões hemorrágicas difusas apareceram. Isto pode ser preocupante?

 

De acordo com o Dr. Truelle, o fato das hemorragias serem difusas é “preocupante, pois isto significa que as hemorragias atacam o conjunto funcional do cérebro”. Isto se deve ao fato de que, se é possível evacuar um hematoma, fica mais difícil de dissolver hemorragias difusas.

Schumacher

Quais podem ser as consequências, com o passar do tempo, de um traumatismo craniano severo?

 

São raros os casos onde as vítimas de um traumatismo craniano severo não sofrem nenhuma sequela. As principais entre elas são os problemas cognitivos (mudanças de comportamento, irritação, lerdeza, problemas de memoria e atenção) e mais raramente, problemas motores (perda de equilíbrio e paralisias) e crises de epilepsia. É possível que uma reeducação seja feita, mesmo se normalmente ela acontece de forma lenta e complexa.

Qual a situação clínica de Schumacher?

 

Grandes especialistas foram consultados, expondo suas opiniões sobre tirar Schumacher do coma artificial. De acordo com o professor Heinzpeter Moecke, diretor do instituto médico de Hamburgo, ainda existem riscos de sequelas: “Existe, infelizmente, um risco de que ele entre em um coma natural, ao sair do coma induzido. Isto quer dizer que Schumacher continuaria em um estado vegetativo, completamente paralisado. Tirar um paciente de um coma artificial pode, inicialmente, o deixar confuso. Além disso, pode o deixar também agitado, tentando retirar os tubos que o ajudam a sobreviver”, explica o especialista.

 

Gary Hartstein, antigo delegado médico da FIA e médico da Fórmula 1 de 2008 a 2012, possui uma opinião diferente. Ele divulgou em seu blog: “Se os primeiros exames estiverem corretos, isto seria uma boa notícia. Cruzemos os dedos e esperemos que isto seja confirmado futuramente. Mas é pouco provável – honestamente, impossível – que ele volte a ser o Schumacher que conhecemos antes do acidente”, afirma o médico.

 

Para entender como o acidente aconteceu, assista ao vídeo aqui.

 

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