Muitos asseguram que o ciúmes no relacionamento apimenta uma relação, outros que é uma prova de amor, mas será?
Creio que não! Como um ingrediente “tão bom” do amor é um fomentador de brigas, desentendimentos, separações e até homicídios na relação de um casal ou na vida de muitos? Você deve estar pensando sobre o ciúmes na medida certa… enquanto eu penso que não existe essa medida na subjetividade humana.
O ciúme é um sentimento que está intimamente ligado a posse, ao domínio sobre o outro, o controle, o autoritarismo, a fraqueza moral , e principalmente a insegurança emocional, a dificuldade em lidar com a perda, o medo do abandono, o orgulho em admitir que foi abandonado, trocado, pois não é uma “boa” pessoa para se conviver.
Então, o ciúme não tem nenhuma relação com o amor. Tem sim com a posse e a inveja.
O ciúmes no relacionamento
Segundo o “Dicionário Houaiss”, ciúmes é um estado emocional complexo que envolve um sentimento de que se pretende amor exclusivo; receio de que o ente amado dedique seu afeto a outrem; zelo; medo de perder alguma coisa. O ciúme é um estado de desassossego, de agitação mental, que surge por efeito de suspeitas (infundadas ou não) de infidelidade sexual ou afetiva, ligada diretamente ao fracasso do gerenciamento da perda do espaço, do “colo”, da atenção e carinho. Esse gigante apodrecido da alma se engendra não somente nas relações amorosas, mas por entre filhos, amigos, objetos, intelectualidade, coisas, sistemas, trabalho.
O ser ciumento é sempre alguém com baixa autoestima, inseguro de suas capacidades, e reage fantasticamente as supostas perdas reais ou ilusórias que vivencia (ou produz), derramando pesada carga emocional com os que convivem, a ponto de fazer dela uma verdadeira obsessão mental e possessão do outro.
Existe um ciúme natural, em consequência do receio de perder o objeto amoroso. É uma dor narcísica, racional, porém transitória. Não existe nada de errado em sentir ciúmes (na relação amorosa, não sentir ciúmes pode ser avaliado como falta de amor e interesse), pois tenho um sentimento diferenciado por aquela pessoa, objeto, sistema; há investimentos emocionais, sonhos e objetivos comuns que não se quer perder (pois irá causar dor), tanto no que se investe quanto naquilo que se recebe. O receio é de perder a pessoa e não aquela pessoa em especial.
Além dessa linha imaginária, todo o excesso torna-se prejudicial (assim como em tudo na vida), não saudável, doentio. Extrapola-se o limite da racionalidade e se adentra ao mundo da fantasia, da imaginação, do delírio, da possessão. Qualquer mudança de rotina ou atitudes, atrasos, vestimentas, amigos, torna-se motivo de cobranças e perseguições. Na era das redes sociais esse estado tem alcançado patamares ainda maiores.
São diversas as raízes geradoras do ciúme. A grande maioria se inicia nas relações infantis, por exemplo, a chegada de um irmão, tende a gerar ciúmes, tendo em vista a necessidade de atenção que o novo irmão requererá, gerando então, a perda da atenção e carinho por parte dos cuidadores. Assim como a criança que foi negligenciada, sentiu o abandono, teme nas suas relações futuras que a situação traumatizante aconteça e deseja exclusividade buscando evitar a sensação traumática. Outras de raízes mais profundas ocorrem e necessitam de mais ampla investigação e resignificação, como os impulsos ou desejos próprios reprimidos de desejos poligâmicos ou homossexuais. Outras vezes, o ciúme traz comorbidades com a depressão, ansiedade, amor patológico.
Quem sofre de ciúmes sofre tanto psíquica quanto fisicamente, e necessita de auxílio especializado, que visam além de encontrar suas causas, elaborar e promover mudanças no comportamento, mas principalmente no amadurecimento do ego,a autoestima, a segurança emocional e confiança pessoal.
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