Das conquistas históricas aos desafios atuais: o momento é propício para a reflexão sobre o que vale a pena celebrar neste Dia Internacional das Mulheres.
Todos os anos o dia 8 de março é marcado por eventos e homenagens em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, onde são lembradas as principais conquistas ao longo da história. Mais do que simplesmente relembrar o que passou, a data sugere também uma reflexão mais profunda sobre as lutas atuais das mulheres, bem como dos avanços que ainda precisam acontecer.
O dia das mulheres foi celebrado pela primeira vez nos Estados Unidos em 28 de fevereiro de 1909, por uma iniciativa do Partido Socialista da América, ficando inicialmente restrito àquele país e também à Europa. Já no final dos anos 70 a data foi adotada também pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional das Mulheres.
O próprio surgimento da comemoração está diretamente ligado à luta das mulheres, considerando que teve origem nas manifestações femininas por melhores condições sociais, como um trabalho digno, salário justo, direito de voto entre outros. Este é um dos motivos que torna impossível não falar de conquistas neste dia, juntamente com o fato de que ainda hoje as mulheres não alcançaram um nível minimamente satisfatório de igualdade em relação aos homens.
Diversos estudos apontam esta desigualdade, tanto no Brasil quanto nos demais países do mundo, em relação aos mais variados temas. Por exemplo, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2012), as mulheres continuam ganhando menos do que os homens, sendo o salário feminino equivalente a apenas 72,9% do masculino.
Em relação à educação, atualmente as mulheres são maioria entre os brasileiros com ensino médio e superior: as que possuem ensino superior são 36% a mais do que de homens. Segundo o Pnad, são mais de 8 milhões de brasileiras com mais de 15 anos de estudos, contra 6 milhões do outro gênero.
Avanços e desafios que nos inspiram no Dia Internacional das Mulheres
Segundo informações da ONU, cerca de 90% das desigualdades entre homens e mulheres já foram erradicadas em todo o mundo, principalmente em relação à educação e saúde. Apesar disso, nenhum país apresenta ainda uma igualdade total entre os gêneros.
Atualmente, os grandes desafios continuam sendo o combate à violência contra a mulher e às diferenças profissionais e econômicas, bem como uma maior participação na política. No Brasil, apenas 12% dos cargos do legislativo são ocupados por mulheres, apesar de elas serem mais da metade da população.
As inúmeras conquistas das mulheres em todo o mundo são sempre marcadas por histórias de lutas, o que deixa evidente o quanto é difícil avançar em direção à uma sociedade mais igualitária. A Constituição Federal Brasileira, em vigor desde 1988, declara que a igualdade de gênero é um direito fundamental, o que também foi consolidado pelo novo Código Civil de 2002. Mas, infelizmente, os números não refletem isso na prática, mesmo tendo passado 26 anos.
Entre as barreiras que impedem que isso se concretize tem uma que talvez seja a maior delas: a mudança cultural. É a inércia da mentalidade das pessoas que impede, por exemplo, que as mulheres recebam o mesmo salário que os homens ao ocuparem o mesmo cargo, além de dificultar também o acesso aos postos de trabalho mais elevados nas empresas.
Temos em nossa história as marcas de uma sociedade machista, na qual as mulheres eram consideradas inferiores. Encontramos diversos traços desse pensamento ainda hoje, tanto nos números (já apresentados) quanto nas ‘piadinhas inocentes’ e expressões que repetimos diariamente, que acabam por reforçar esta mentalidade e dificultam ainda mais as mudanças e conquistas.
O Dia Internacional das Mulheres é o melhor momento para uma reflexão mais profunda sobre a desigualdade de gênero. Cada um de nós deve olhar à sua volta e tentar perceber o que continua acentuando esta diferença, como forma de possibilitar o início de uma mudança. Esperamos que a esta data realmente nos inspire a transformar as coisas!
Conheça algumas conquistas marcantes das mulheres brasileiras
1822: Maria Leopoldina Josefa Carolina (foto), arquiduquesa da Áustria e imperatriz do Brasil, envia uma carta a D. Pedro exigindo, entre outras coisas, que ele proclame a independência do Brasil;
1827: criada a primeira lei permitindo que as mulheres frequentassem o ensino fundamental. A educação mais avançada continuava proibida;
1879: o governo autoriza as mulheres a estudar em instituições de ensino superior, mas aquelas que seguiam este caminho foram duramente criticadas pela própria sociedade;
1885: a compositora e pianista Chiquinha Gonzaga é a primeira mulher no Brasil a reger uma orquestra, na ocasião a opereta “A Corte na Roça”;
1887: Rita Lobato Velho é a primeira médica a se formar no Brasil, mas tanto ela quanto as outras pioneiras da graduação encontraram diversas dificuldades em se afirmar profissionalmente, sendo ridicularizadas pela sociedade na época;
1917: Deolinda Daltro, professora e fundadora do Partido Republicano Feminino (1910), lidera uma passeata exigindo a extensão do voto às mulheres;
1927: o Governador do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, conseguiu alterar a legislação eleitoral e estendeu o direito ao voto às mulheres. O primeiro voto feminino no Brasil, bem como na América Latina, foi em 25 de novembro daquele ano, no Rio Grande do Norte. Os votos das 15 mulheres foram anulados no ano seguinte. Apesar disso, a primeira mulher prefeita da história Brasil foi eleita no município de Lages (RN): Alzira Soriano de Souza;
1932: Getúlio Vargas promulga o novo Código Eleitoral, garantindo finalmente o direito ao voto às mulheres. Foi neste ano também que Maria Lenk foi a primeira atleta brasileira a participar de uma Olimpíada. Aos 17 anos, a nadadora era a única mulher da delegação olímpica que embarcou para Los Angeles;
1933: nas eleições para a Assembleia Constituinte, foram eleitos 214 deputados e apenas uma mulher: Carlota Pereira de Queiroz (foto);
1937/1945: Getúlio Vargas criou um decreto que proibia a mulheres de praticar esportes considerados incompatíveis com as condições femininas. Entre eles estavam a “luta de qualquer natureza, futebol de salão, futebol de praia, pólo, pólo aquático, halterofilismo e beisebol”. O decreto foi regulamentado somente em 1965;
1948: após 12 anos sem presença feminina, a delegação olímpica brasileira segue para Londres com 11 mulheres e 68 homens;
1960: Maria Esther Andion Bueno é a primeira mulher a vencer os quatros torneios do Grand Slam (Australian Open, Wimbledon, Roland Garros e US Open). Ela conquistou, durante toda sua carreira, 589 títulos;
1979: Eunice Michilles (PSD/AM) é a primeira mulher se tornar Senadora, após a morte do titular da vaga; a equipe feminina de judô inscreve-se com nomes de homens no campeonato sul-americano da Argentina. Esse fato motivaria a revogação do decreto que proibia a prática de alguns esportes por mulheres;
1980: foi recomendada a criação de centros de autodefesa, para coibir a violência contra a mulher. Surge o lema: “Quem ama não mata”;
1983: surgem os primeiros conselhos estaduais da condição feminina (MG e SP), para traçar políticas públicas para as mulheres; O Ministério da Saúde cria o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), em resposta à forte mobilização dos movimentos feministas, baseando sua assistência nos princípios da integralidade do corpo, da mente e da sexualidade de cada mulher;
1985: é criada a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (DEAM/SP); a Câmara dos Deputados aprova o Projeto de Lei que criou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher; é criado o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem);
1988: por meio do chamado “lobby do batom” (foto), liderado por feministas e pelas 26 deputadas federais constituintes, as mulheres obtêm importantes avanços na Constituição Federal, que garantiu a igualdade a direitos e obrigações entre homens e mulheres perante a lei;
1990: Júnia Marise (PDT/MG) foi eleita a primeira mulher para o cargo de senadora; Zélia Cardoso de Mello se torna a primeira ministra do Brasil, na pasta da Economia no governo de Fernando Collor (1990-92);
1993: ocorre, em Viena, a Conferência Mundial de Direitos Humanos, com destaque para as discussões sobre os direitos das mulheres e da violência contra o gênero, o que resultou na Declaração sobre a eliminação da violência contra a mulher;
1994: Roseana Sarney é a primeira mulher eleita governadora de um estado brasileiro: o Maranhão;
1996: foi incluído o sistema de cotas na Legislação Eleitoral, obrigando os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais; a escritora Nélida Piñon é a primeira mulher a ocupar a presidência da Academia Brasileira de Letras, exercendo o cargo até 1997;
1998: a senadora Benedita da Silva é a primeira mulher a presidir uma sessão no Congresso Nacional;
2006: foi aprovada a chamada ‘Lei Maria da Penha’, que definiu um novo marco na proteção dos direitos das mulheres, principalmente por prever penas mais severas aos agressores (na foto, a mulher que inspirou o nome da lei);
2010: Dilma Rousseff é eleita a primeira presidente mulher do Brasil.
Veja no vídeo abaixo mais informações sobre as conquistas e direitos das mulheres brasileiras!
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