Você pode até não saber ao certo o que é uma paixão platônica, mas, provavelmente, já vivenciou esse sentimento alguma vez na vida. A paixão conhecida como platônica é aquela na qual há uma relação afetuosa idealizada.
Trata-se de uma relação onde o elemento sexual é abstraído, ou aquele amor impossível, difícil ou não correspondido. Sabe aquela atriz de novela, o ídolo do rock, ou simplesmente aquele vizinho de rua? Você ama, mas não podendo viver esse sentimento.
Paixão platônica e o cérebro
Você se reconheceu em meio a essas sensações a princípio inexplicáveis? Provavelmente, irá responder que viveu essa paixão na adolescência. E não é por acaso: essa é a fase da vida em que a paixão platônica normalmente se manifesta.
Apaixonar-se platonicamente por alguém é se prender à idealização criada da pessoa. Foto: Shutterstock
O cérebro passa por grandes modificações quando estamos vivendo uma paixão. Ficamos dopados por uma grande sensação de prazer capaz de nos fazer sentir nas nuvens.
A dopamina é o agente das mudanças da química cerebral fundamentalmente envolvida em emoções como a paixão, as sensações de orgasmo e percepção da beleza.
A força da paixão no cérebro é tanta que, de acordo com um estudo publicado em 2010 no Journal of Neurophysiology, o caminho de superar um amor não correspondido, ou seja, uma desilusão amorosa, pode ser comparado a superar um vício.
Será que era paixão platônica?
Está na dúvida se o que você viveu foi uma paixão platônica? Então, vamos falar mais sobre o assunto e tentar elucidar essa questão.
1. Como tudo começou
O termo “platonicus” para conceituar esse tipo de amor foi usado pela primeira vez pelo filósofo neoplatônico florentino Marsilio Ficino, no século XV. Ele criou a expressão para designar o sinônimo de amor socrático.
Para Platão, o amor era essencialmente puro e desprovido de paixões, que eram essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. A paixão platônica, conforme o filósofo grego, não se fundamenta em um interesse, mas na virtude.
Platão criou também a teoria do mundo das ideias, um patamar onde tudo é perfeito e também de que, no mundo real, tudo é uma cópia imperfeita desse mundo das ideias. Portanto, o amor platônico se refere a algo que seja perfeito, mas que não existe no mundo real, apenas no mundo das ideias.
2. O amor à distância
Entendido como o amor à distância, que não se aproxima, não se toca, não se envolve e é feito de fantasias e de idealização, onde o objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem defeitos. Assim é definido o amor platônico.
A paixão platônica comum na adolescência faz parte do processo de formação. O que não é comum é a pessoa chegar à fase adulta cultivando paixões irreais. Pode ser que existam platônicos incuráveis, que passam a vida em busca do que eles têm apenas no plano das ideias.
Ao cultivar a paixão idealizada, a pessoa passa a viver em um mundo de fantasia, e nesse universo idealizado por ela, não sofre, mas também não vive, não aproveita uma relação a dois.
Se o caso é crônico, é preciso buscar uma solução e o melhor caminho para desatar esse nó do passado é a terapia. Afinal, ninguém pode ser feliz amando o irreal.
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